A política líquida
Incapaz de fazer uma leitura correta do processo atual de mundialização, a política em todo globo se desenvolve numa falsa dicotomia direita-esquerda, pois só é de direita de fato (defesa do mercado, volta ao conceito de riqueza das nações, defesa do trabalho braçal sem as máquinas, etc) num estilo cômico de Trump, e só é de esquerda de fato (defesa da intervenção sagrada do estado em toda econômica e todas áreas humanas, tais como arte, religião e escolaridade), a modo do infantilismo do ditador da Coréia do Norte: Kim-Jong Um.
O Brasil não é diferente, o quadro que se movia no eixo do Lulopetismo e militarismo a moda Bolsonaro não é senão uma repetição da história, aliás a corrupção e os golpes não foram outra coisa senão a repetição da história, desde a proclamação da república, o getulismo, o tenentismo e o golpe militar são antecedentes de uma classe dominante que se apossa do Estado Brasileiro desde a Proclamação da República de forma institucional estamentária (conceito de Estamento de Max Weber), e, talvez antes no período monarquista, mas sem esquecer as reformas pombalinas.
No Brasil as reformas pombalinas são importantes por que são a presença do Estado Iluminista mais profunda e talvez a mais radical da América Latina, mas historiadores e políticos se esquecem disto, aliás uma demonstração clara é o lema positivista “Ordem e Progresso” (e o Amor, era o lema positivista) estampado na bandeira e o lema do governo Temer.
A modernidade líquida de Bauman, em seus últimos escritos praticamente a abandonou, é conveniente a religiosidade política brasileira que permanece no dualismo, sem a possibilidade de encontrar uma resposta na terceira via, esperamos que ela aparece, e não seja o Hulk.
Sem compreender que mais do que um mal estrutura como quer a esquerda religiosa, ou o mal líquido como quer pensadores da modernidade, o processo de uma nova mundialização é já necessário, sem ela não haverá fim da corrupção, redistribuição de renda, tolerância religiosa, racial e principalmente política, para dar resposta ao mausoléo modernista, que só não é mais líquido porque a vida continua a pulsar no planeta.
A política líquida não tem forças para impulsionar esta mudança, está presa numa falsa dicotomia dualista, não tem fundamento humanitário apela para o Estado-Providência porque o Estado é sua crença, e não o homem concreto, aquele que sofre com esta política líquida.
Talvez de onde menos esperamos venha uma resposta, a geringonça portuguesa (foto – representação da coalisão que governa Portugal), enquanto isto vamos embalando uma falsa alegria em meio ao carnaval, mas a quarta-feira vem aí.