Exegese, hermenêutica e ingenuidade
Os exegetas acreditam ter encontrado a verdade e assim esperam ter a última palavra sobre determinado assunto, se alguém os contesta dizem que é por arrogância e não por falsidade, os hermeneutas são aqueles que acreditam que é sempre possível uma nova interpretação, uma vez que toda verdade é contextualizada e o ingênuo acredita só no que “sente”.
A exegese é uma interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário, ainda que possa ter elementos de profundidade como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas como qualquer outra forma de conhecimento.
Já a hermenêutica é um ramo da filosofia que desenvolve uma teoria da interpretação, mas também pode ser vista como a “arte da interpretação” e também se refere a prática e a intuição, nisto se funde com os outros saberes, com a diferença que admite a interpretação e não tem como pressuposto ser a última palavra em um diálogo, como prevê o círculo hermenêutico.
A ideia que os sentidos são o fundamento da verdade é bem antiga, mas é ingénua porque toda verdade deve ser contextualizada, depois deve ser analisada e interpretada também a luz da vivência pessoal de cada um, e finalmente confrontada com a história, não a romântica da analítica ou pragmática da história, mas principalmente do que é avanço, do que é irreversível e especial do que é contextual.
Entenda contextual por cultura, a estrutura social e tradicional de um povo em determinado momento da história, também envolve aspectos políticos, e pode haver fatores de disrupção que tanto pode ser causado por uma grande mudança social quanto por uma mudança tecnológica ou estrutural de determinado processo social.
Também os exegetas se aceitam o círculo hermenêutico, que parte justamente de pré-conceitos podem interagir com a hermenêutica, mas sabem que a simples interação pode tirá-los da verdade absoluta e isto não significa cair no relativismo e sim no diálogo.