A mente e corpo, a relação com o mentalismo
Já postamos aqui sobre o estruturalismo, e aquilo que consideramos efeitos tardios da modernidade naquilo que chamou de estruturalismo ou desconstrução, que antes de Derridá já estão presentes no pensamento de Alun Munslow, e este por sua vez tem uma perspectiva “desconstrucionista” ligada ao pensamento de Hayden White e Keith Jenkins, que pode ser lido na revista Rethinking History.
Porém o objetivo aqui é fazer uma leitura, ainda que seja quase impossível, do angulo de visão da mente, há uma afasia chamada de Wernicke, que é justamente a alteração na linguagem oral e escrita, o que torna a comunicação sem precisão, por causa de alguma lesão neurológica.
Isto é particularmente interessante porque significa que é possível, sob circunstâncias restritas, ligar a mente a um processo antropológico de seu desenvolvimento, e tornar o processo “mentalista” ligado de certa forma ao histórico.
Assim a relação do cerebelo está ligado as funções musculares e de coordenação, enquanto o tronco cerebral regula as funções corporais (batida do coração, temperatura do corpo, etc.) e o Lóbulo temporal: a compreensão, a linguagem, a escuta, a memória a aprendizagem, mas curiosamente é ali que está ligada a área da linguagem oral e escrita, chamada de Wernicke.
Nas áreas superioridades estão as áreas de desenvolvimento humano historicamente posterior, especialmente no Lóbulo Frontal: moralidade, raciocínio, personalidade e outras.
Nagel toca o dilema corpo e mente, já falamos da mente do outro, partindo da premissa que admite que o outro é consciente, e se não concorda-se com o ceticismo, sabe-se que a relação de consciência com a mente só poderá ser aquilo que “depende do corpo”, ou da realidade.
Para explicar seu pensamento faz a experiência de comer um chocolate e pergunta se com instrumentos que pudessem medir as sensações dentro do cérebro: “Mas poderia encontrar o sabor do chocolate?” (pag. 31).
“Mas as pessoas pensam que acreditar numa alma é algo antiquado e pouco científico. Tudo o mais no mundo é feito de matéria física – combinações dos diferentes elementos químicos?” (pag. 32), “os cientistas descobriram o que é a luz, como crescem as plantas, como se movem os músculos – é só uma questão de tempo até descobrirem a natureza biológica da mente. É assim que pensam os fisicalistas.” (pag. 33), no domínio da mente chamou-se aqui mentalistas.
O autor explica que uma teoria “avançada do fisicalismo [mentalismo] é a de que a natureza mental dos seus estados mentais consistem nas relações com as coisas que os causam e coisas por eles causadas” (pag. 36), um retorno a casualidade, que a própria física contemporânea tratou de negar, Heisenberg enunciou e a física das partículas e a astrofísica comprovaram.
O assunto é complexo, mas o livro de Nagel é uma boa introdução ao problema corpo-mente.
NAGEL, T. Que quer dizer tudo isto? Uma iniciação a filosofia. 5a. ed., Lisboa: Gradiva, 2018.