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A justificativa de poder dos sofistas

20 ago

Os sofistas eram homens inteligentes que educavam e influenciavam os jovens da Antiguidade Clássica, com uso da oratória e da retórica, a fazerem uso do discurso para justificar o poder, independentemente de aspectos morais.

Foram combatidos primeiro por Sócrates, só sabemos dele através de Platão, e depois por Platão (428 a.C. – 347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) que defendiam a educação para uma verdadeira cidadania, considerando os sofistas apenas mercenários dos poderosos.

Conforme lemos em Platão, Protágoras foi um destes sofistas, nasceu em 490 a.C. e assim pode ser considerado como primeiro sofista, outro famoso foi Hípias que teria debatido com Sócrates sobre as leis naturais e as convencionais, era versado em astronomia, matemática, pintura e poesia o que lhe dava grande “autoridade”.

Eles tem origem nos pré-socráticos: Protágoras seria discípulo de Demócrito (a frase famosa “o homem é a medida de todas as coisas”), Trasímaco principal figura no início da República de Platão, argumentava que “a justiça seria apenas a vantagem do mais forte”, e Górgias que não é considerado sofista por Sócrates, cria uma polêmica com Parmênides (o ser é e o não ser não é), segundo este “sofista” não se pode comunicar o que não é conhecido.

Duas críticas podem ser consideradas fundamentais aos sofistas, criar verdades relativas e isto tem forte relação com as narrativas modernas, e o fato que consideravam que as virtudes não eram coisas que poderiam ser ensinadas, assim dispensavam os valores morais.

Eles, entretanto, não ignoravam as questões da “alma” (o que o idealismo chama de subjetividade) no discurso de Górgias pode-se ler:

“[E]xiste uma mesma relação entre poder do discurso e disposição da alma, dispositivo das drogas e natureza dos corpos: assim como tal droga faz sair do corpo um tal humor, e que umas fazem cessar a doença, outras a vida, assim também, dentre os discursos, alguns afligem, outros encantam, fazem medo, inflamam os ouvintes, e alguns, por efeito de alguma má persuasão, drogam a alma e a enfeitiçam.”

Os sofistas modernos vão além de desconsiderar a alma, pois fazem elogio as drogas, a embriaguez e aos prazeres temporais, a educação para a cidadania e substituída por um puros ideologismos, hoje pouco pensado e organizado, são promessas vagas de um futuro melhor.

Assim a lógica do poder é invertida, o discurso do “mais forte” de Trasímaco volta a fazer sentido, a inexistência de valores morais razoáveis foi extinta em troca da felicidade momentânea e passageira, e recorre-se a retórica e a oratória para o convencimento de muitos, porém diz o verdadeiro discurso moral: “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 19,30) porque esta lógica leva só a destruição e a promessas vazias.

Platão. A república. Trad. E notas Maria da Rocha Pereira, 9ª. ed. Fundação Colouste Gulbenkian, Lisboa, s/d.

 

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