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Posts Tagged ‘alegria’

Obstáculos da alegria

05 jan

Certamente o oposto da alegria é a tristeza, mas o problema não é a certeza de que teremos muitas dificuldades e tristezas na vida, o problema está em não saber como tratá-la.

Diversos psicólogos indicam que o problema da educação familiar atual é não deixar que os filhos ou parentes ou mesmo agregados que compõe o círculo familiar contemporâneo aprendam a lidar com a perda, os obstáculos e as tristezas da vida, lembro de meu pai que no leito de morte perguntava por um filho que ainda não tinha vindo vê-lo, só depois partiu em paz.

No livro de Anselm Grün ele indica a leitura de “João Felizardo” (Hans im Glünck) dos Contos de Grimm (Cinderela, O pequeno polegar, João e Maria, etc.) onde o personagem expressa que não precisa do ouro, da força e nem mesmo do sucesso do trabalho, ao perder as pedras que amolava tesouras num poço, a ultima coisa que lhe restava, pula de alegria e agradece a Deus pela graça de livrar-se daquelas pedras.

Meu segundo livro de propósito anual “A nova síndrome de Vicky” de Theodore Dalrymple, que fala do barbarismo europeu, aponta também um fundo cultural da infelicidade, agora social, em leitura que faz em sites de encontros, eles surgiram porque as pessoas estão presas em universos pequenos embora estejam em multidões nos shows, festas e baladas noturnas (vejam que não é específico do virtual, como indicam alguns autores), vão procurar afoitamente em sites de relacionamentos uma saída para a ilusão.

Entre vários ensaios, o autor cita dois casos de muçulmanos, um homem e uma mulher que ao descrever o tipo de pessoas que são, diz assim o rapaz: “sou um sujeito distraído e relaxado. Sou bastante sarcástico e tenho um grande senso de humor. Às vezes sou uma criança, mas sei quando tenho que ser sério.  Acredito que temos nossos altos e baixos, mas devemos tentar ver o melhor das pessoas … Gosto de pegar meu carro e sair … Acompanhar as mudanças do mundo. Gosto de comer fora, de pegar um cinema, de boliche, sinuca e críquete” (Dalrymple, p. 42), diz-se tentar ser um muçulmano, “tentando se tornar um cinco ao dia” (os muçulmanos rezam 5 vezes ao dia), segundo o autor no Reino Unido muitos se declaram religiosos, ainda é um sinônimo de confiabilidade.

Outro caso que cita, já na página seguinte é de uma muçulmana, que diz no site: “Oi, gente, sou uma mulher que gosta de se divertir, tenho os pés no chão e não julgo as pessoas”, como se de antemão já se desculpasse da postura de alguns muçulmanos de julgar as pessoas (“os infiéis”), porém o que o autor quer apontar é que todos querem se desculpar de algo, estão tentando algo e poucas vezes se definem, o fato de serem muçulmanos é apenas um exemplo, poderia ser de qualquer outra religião, ou no caso da polarização política, de qualquer ideologia.

O tema do médico e psicólogo Anthony Daniels (Dalrymple é um pseudônimo) é o mal estar da cultura e adesão dos intelectuais a um certo tipo de barbarismo, que faremos alguns apontamentos na próxima semana, porém ligo aqui o tema da alegria, que deve ser e só pode ser neste momento da história algo interior, uma vez que exteriormente reina uma crise civilizatória e procuramos explicar suas razões e fundamentos.

É possível em meio a crise individual ou social, encontrar razões e motivos para manter a alegria e ajudar a humanidade a encontrar caminhos que levem a verdade e a felicidade.

DALRYMPLE, Theodore. A nova síndrome de Vicky – porque os intelectuais europeus se rendem ao barbarismo. Trad. Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016.

 

 

A natureza da alegria

04 jan

Este é o nome do segundo capítulo do livro “viva com Alegria” de Anselm Grün, a ideia de algo físico (a natureza) da alegria parecia algo estranho, porém já de início o autor cita Aristóteles, que vê na alegria a vida plena, como “uma energia que impulsiona e desperta vida nas pessoas”, e assim “quem sente alegria interior naquilo que faz, este obtém, no trabalho, a alegria da vida” (pag. 15).

Assim ele retira o alvéolo puramente espiritual para encarná-la “ela é a expressão de uma vida na qual lidamos com as dificuldades que surgem e desenvolvemos todas as capacidades que Deus nos deu” (pg. 16).

Cita a psicóloga Verena Kast que ela a define como uma “emoção elevada”, textualmente “nos anima, nos estimula, nos proporciona uma certa leveza, e também gera união entre as pessoas” (pgs. 16-17).

A psicóloga Verena observou isto em muitas terapias, e nela encontrei uma visão definitiva da natureza, segundo Verena a condição decisiva para alegria é “estarmos absorvidos num ato, numa atividade, num momento” (pg. 17).

Depois de desenvolver o estado de alegria, como algo que “nem nos damos conta”, ela observa que a alegria tem um poder curativo: “a questão é saber por que tendemos a prestar mais atenção nas tristezas do que `as alegrias que temos” (pag. 18), e aponta que um dos fatores pode ser o excesso de atenção dado pelos pais quando crianças, assim nos entristecemos para que “obtenhamos atenção”.

Por ultimo lembra que é saudável e sensato assumir atitudes positivas, tanto recordando as alegrias passadas como obtendo-a em nossa vida aqui e agora.

Rir até mesmo de situações adversas não é alienação, é obter energia para uma ação proativa. 

GRÜN, Anselm. Viver com alegria. trad. Luiz de Lucca. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. 

 

Alegria em tempos difíceis

03 jan

Parece um contrassenso ter alegria em tempos difíceis, muitos tem dificuldade, a Pandemia deprimiu e a conjuntura mundial não ajuda, não se trata nem de alienação muito menos de ironia, trata-se de espiritualidade.

Indicamos o livro do monge alemão Anselm Grün: Viver com Alegria (Vozes, 2014) ele indica na introdução suas intenções: “Meu objetivo é chamar a atenção de vocês em muitas situações que podemos nos alegrar” (pg. 9) … “estou falando é de entrarmos em contato com a alegria que todos temos no fundo da alma” (pg. 9).]

Esclarece que muita gente acha que há poucos motivos na vida para se alegrar: “assim tendem a lamentar a si mesmo e à própria vida, na qual não veem razão para se alegrarem” (idem).

Ele é convencido que esta postura negativista escondei um grande anseio e esclarece aquilo que também foi motivo de escolha deste livro: “na conjuntura em que se vivem, há mais motivos para tristeza” (pg. 10), embora fale de uma conjuntura pessoal é possível estendê-la para o social. 

Assim convida a observar “a vida sob uma luz diferente”, no meu caso que operei as duas vistas, trocar de óculos, não para enxergar apenas com mais profundidade, mas sob a ótica de outros valores e motivações.

Diz na introdução que é uma decisão: “escolher conscientemente a alegria ou a lástima frente ás dificuldades”, ela não elimina os aspectos negativos da vida, mas evita ficar tateando no escuro, cria-se uma luz.

Mesmo um pequeno feixe de luz já é o suficiente para eliminar o breu total. 

GRÜN, Anselm. Viver com alegria. trad. Luiz de Lucca. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. 

 

Alegria e dialogia

05 jan

É praticamente impossível pensar em polos opostos, mas em dialogia hermenêutica é possível deixar os pré-conceitos de lado para realizar uma fusão de horizontes.
São polos opostos que produzem energia, por exemplo, são forças contrárias que mantém o equilíbrio, o desiquilíbrio é justamente uma força romper a outra como é o caso da fissão atômica, que produz uma bomba, mas mesmo assim dominada é uma energia.

O respeito ao Outro, em tempos de pandemia significa observar a distância, usar máscaras e se solidarizar com os que sofrem os efeitos da pandemia, também na questão social.
A importância de princípios, ou espiritualidade ou mesmo o divino entre nós, é necessário para que isto seja feito sem que a possibilidade de ruptura seja a única alternativa, e as vezes é.
A alegria que experimentamos quando nos abrimos aos outros, abrindo mão até dos próprios pré-conceitos (todos temos conceitos sobre a vida, a verdade, etc.) é inconcebível, mas sempre real.
O problema levantado pela filosofia do Outro, que não é o mesmo, é o primeiro princípio para uma autêntica dialogia, em tempos de cidadania global ela será mais que necessária, será a única fonte rica para diálogo e harmonia entre povos e culturas.
A não aceitação do Outro, seja cultural, social ou etnicamente é a razão dos conflitos atuais, além dos atos feitos sem nenhuma ética, mas aquela ética spinoziana que cada um tem seu propósito.
A alegria é possível mesmo em tempos sombrios.