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Arquivo para junho 3rd, 2015

O infinito, Bauman e Lévinas

03 jun

OtherInfinityCada um lê o que quer ler, mas muitas vezes o autor lido não disse o que seu interprete quer colocar na boca dele, é o caso da leitura de Bauman de Lévinas.

Salve erro de tradução, Lévinas escreveu “A ontologia que reconduz o Outro ao Mesmo, promove a liberdade que é a identificação do Mesmo, que não se deixa alienar pelo Outro” (LÉVINAS, 1980, p. 30), ou seja, há um tipo de ontologia que promove a liberdade de identificar ao MESMO, que é aquela que não se deixa alienar, isto significa ouvir atentamente e respeitar o Outro, mas não é esta ontologia que Lévinas defende.

Esta ontologia reduz o Outro ao Mesmo, mas coloca em questão do exercício do Mesmo, ou seja, o outro deve estar em condições de por em questão o Mesmo, significa sair de Si, e não ouvir apenas.

Lévinas, que é um leitor especial de Heidegger (ler sua outra obra A Existência de Husserl a Heidegger), chega a fazer uma crítica a Heidegger, nestes termos a ontologia “que subordina a relação com Outrem à relação com o ser em geral e, neste caso, ela é uma obediência ao anônimo e resulta em imperialismo” (LÉVINAS.1980, p. 34), ou seja deve por em relação dialógica com o Outro, “outramente” como diria Paul Ricoeur.

Para Lévinas, foi a meditação cartesiana que separou o eu e o outro, deixando que o EGO se confundisse com o Outro já que a consciência é incapaz de conter o Infinito que ele julgar pensar, mas Lévinas e também Husserl retomam a terceira meditação cartesiana.

Mas para Levinas O Infinito, ao ultrapassar todos os limites do cogito cartesiano, se mostra como uma exterioridade que jamais se integra ao Mesmo, isto era impensável para Descartes e confuso para Bauman que julga estar além da ontologia e da inclusão do Outro, e porisso está pronto para julgá-lo e não para libertá-lo em sua modernidade líquida, assim é como se o Outro fosse culpado de sua modernidade líquida.

O infinito remete ao Universo, mas não como um todo, o universo é um corpo e o corpo pode ter um sentido de Ser e não apenas de ente, isto fica para amanhã.

Lévinas, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Lisboa: Edições 70, 1980.