Arquivo para dezembro, 2024
Há clima para este Natal
Entre verdadeiros cristãos sim, sempre haverá esperança de um mundo melhor, onde todos possam usufruir do bem comum, da justiça verdadeira (e imparcial) e os mais humildes lembrados e convidados também para este momento de paz e confraternização.
Certamente em muitos lugares do mundo, especialmente entre aqueles que sofrem situações de guerra, de flagelos ou de miséria e fome, entre estes sempre haverá menos paz e alegria.
Porém não deve servir de empecilho para a busca do bem, da reflexão sobre verdadeiros valores que fazem o processo civilizatório de hominização cada vez mais avançados e promissor, não é utopia, é o único horizonte possível para aqueles que são verdadeiros humanistas, aqueles que não olham para o diferente com preconceito e desrespeito.
Não é limitado a nenhum grupo social, cultural ou religião, verdadeiros humanistas criam laços de fraternidade e pontes, e não abismos intransponíveis de acordos e diálogos.
Há mais há coisas inaceitáveis, sim inaceitável é a guerra que sempre há dois grupos dispostos a lutar, não há diferença que não deva ser respeitada, sim é inaceitável a desigualdade social, entretanto podemos colocar todos para refletir e encontrar soluções sem demagogia para isto.
Estas grandes coisas não são fruto apenas de leitura cultural avançada, é preciso sobretudo de sentimento solidário, de um olhar profundo sobre o Outro que não é um espelho e nem fruto de um discurso alegórico ou demagógico, é preciso respeitá-lo em toda sua dignidade.
Há uma verdadeira sabedoria que é guiada por olhares amorosos sobre a humanidade como um todo e sobre cada homem (ou mulher) em particular, ela é acessível a todos mentes e culturas, e pode traçar um caminho de paz e fraternidade.
Este Natal não é específico de uma data do ano, mas é importante lembra-lo nesta data, mesmo as correntes religiosas que não o comemoram deixam de reconhecer sua importância.
Sempre há esperança de paz, de alegria duradoura e de justiça social aos que amam.
E a Europa não acordou
A criação do euro, apesar da polêmica saída da Inglaterra, não o Reino Unido, porque a Escócia tentou fazer um referente sobre a questão e o Parlamento britânico rejeitou, a tentativa de criar um conceito e uma política europeia não fracassou, apenas não avançou no essencial.
Porém suas profundas raízes humanistas e culturais foram sufocadas pelas ideologias idealistas e iluministas.
O livro Se a Europa despertar (acordasse, na versão de Portugal) traça linhas essenciais do que seria a Europa verdadeira, suas fronteiras e suas bases étnicas, qual seria sua identidade religiosa praticamente abandonada, não são as imigrações que deterioram esta visão de identidade e unidade, mas a pergunta que faz Sloterdijk em seu livro é que cena desenham os Europeus nos seus momentos históricos decisivos? Quais as ideias que os animam, as ilusões que os mobilizam? E não é difícil apontar seus equívocos tanto quanto as bases étnicas como as culturais.
Também o padre Manuel Antunes, o livro Repensar Portugal escrito antes da União Europeia, dizia que seu país deveria voltar-se para a Europa, antes era um cantinho da Europa que lhe dava as costas e se voltava para as colônias africanas, no livro dava linhas de repensar o país.
A colonização e as Guerras, intestinais, porque houveram as guerras religiosas no período final do renascimento, e a paz de Vestfália tratado que retirava a questão religiosa das disputas, porém a Europa teve outras disputas de fronteiras e étnicas, até culminar em duas guerras mundiais.
Elas acabam envolvendo todo o mundo, porque há interesses que extrapolam as fronteiras, porém é preciso compreender que uma verdadeira identidade e unidade europeia ainda não se construiu, abriu-se as fronteiras, mas agora elas parecem incertas e ameaçadas com o envolvimento na guerra do leste europeu.
A tese principal de Sloterdijk neste livro é que o modelo de colonização que deu a Europa a ideia de um Império de Centro (como o autor a chama) e que abriu um vácuo no pós-guerra que criou uma geração de intelectuais que buscou um novo modelo imperial, assim o autor conclui que não se conseguiu entender que ela não é mais um centro e tem dificuldade com isto.
As guerras então são um caminho trazem de volta a ideia de império, o contrário que Sloterdijk propôs em seu livro que seria abandonar este modelo, também é a conclusão do padre Manuel Antunes que acrescenta um modelo de “democracia social” a Portugal.
Sloterdijk, P. Se a Europa despertar. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.