Agora a Líbia e as novas mídias
Não é por acaso que estas insurreições ocorrem justamente em países com governos autoritários e corruptos, o que numa análise profunda pode-se facilmente identificar como situações interdependentes porque em situações de diálogo as injustiças são corrigidas e os fatos apurados.
O uso das mídias foi importante tanto na recente revolução popular egípcia como na da Líbia em curso, esta mais sangrenta e já se falam em 2 mil mortes (vídeo do OneDayOnEarth), revelam o gosto dos ditadores pelas mídias verticais (radios e TVs) onde podem expressar o culto à sua pessoa e ao seu discurso, é por isto que os celulares e a internet, onde a multidão pode se expressar e se mobilizar, tem permitido apresentar outra visão dos fatos.
Imaginam-se sempre oniscientes e sábios, consideram a massa ignara e fácil de ser manipulada, bastando falsificar dados e distorcer discursos, não raramente são bons oradores, mas as novas mídias criaram uma nova relação de expressão: a horizontalidade. Tanto no Egito, Tunísia e Líbia, o uso de celulares e de internet foi essencial para as mobilizações e impediu a manipulação dos fatos.
Kadhafi, ditador da Líbia a mais de 40 anos, é um legítimo representante patético deste tipo de personalidade, ele diz que o povo esta fazendo tudo isto manipulado por lideres islâmicos que drogam seus seguidores, tem uma fortuna de mais de 70 milhões de euros, 20 oficialmente declaradas no Reino Unido, segundo o britânico The Telegraph.
Em 1959 a Líbia tornou-se independente da Itália, mas sua história recente da começou em 1969, quando um grupo de oficiais radicais islâmicos derrubou a monarquia praticamente sem derramamento de sangue, criando um governo governado pelo conselho da Revolução (órgão governamental do novo regime) que foi presidido pelo então coronel Muammar al Kadhafi, com apenas 27 anos de idade, foi decretada a nacionalização das empresas, dos bancos e dos recursos petrolíferos do país. A exploração das riquezas do petróleo deu meios ao governo líbio da época melhorar as condições de vida da população do país, ainda que a custo de alianças empresariais sombrias e de privilégios para a família do líder nacional, em 1988 um avião explodiu na Escócia matando os 270 passageiros em suposto ato líbio, o que iniciou um período de tensão com os Estados Unidos e com o Reino Unido, após guerras perdidas com o país vizinho Chade, em 1994 os líbios se retiraram da Faixa de Aozu , e seguiram num processo de crescente isolamento internacional, amenizado com alguns acordos.
Depois das críticas internacionais a sua resposta violenta aos protestos e as renúncias de vários embaixadores do país, o líder de 68 anos de idade fez um discurso desconexo. Em seu discurso disse que os clérigos colocavam drogas no chá dos seus seguidores e alegou que sua casa tinha sido bombardeada por “superpotências” e disse: “ratos tinham sido pagos para desfigurar seu governo”.
Apesar de deserções em seu exército e a perda de controle em diversas cidades, Kadhafi está partindo para um genocídio em massa, contratando mercenários e aumentando os salários de seus oficiais, iniciando uma guerra civil onde com certeza milhares perderão a vida, um número grande de refugiados já começa deixar o país.