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Olhar interior: a identidade e o mesmo

19 fev

Além da questão da vida interior, que devemos ao pensamento de Agostinho, mas é bom dizerVidaInterior que vem de certa forma do neoplatonismo de Plotino, questão que parece quase morta na vida contemporânea pela substituição pelo pensamento idealista da identidade e do si, assim dito por Ricoeur: “o parentesco com a problemática cristã da conversão à interioridade deixou de ser discernível.” (Ricoeur, 2007, pg. 113).

 

Também deixa claro que não é factível aproximá-lo de Descartes, com o cogito (penso logo existo) ou o conscious (conhecentes, conhecer atual, experimentar), na verdade ao afastar- se de ideias inatas cria três noções novas do olhar interior: identidade (identity), consciência (consciousness) e self (o si-mesmo).

 

Locke torna consciênciou uma referencia “confessa ou não” para Leibniz e Condillac, Kant e Hegel, até Bergson e Husserl, para aqui teremos que fazer uma terceira parada no próximo post, sobre o si e o outro.

 

O capítulo XXVII “Of Identity and Diversity” do Livro II de sua obra prima Ensaio Filosófico sobre o entendimento humano,afirma Ricoeur, “ocupa uma posição estratégica na obra a partir da segunda edição (1694)” (Ricoeur, 2007, pg. 2007).

 

Riceour explica que Locke “depois de uma série de operações para limpar terreno”, há diferença entre Descartes das Meditações que é “ … uma filosofia da certeza, que é uma vitória sobre a dúvida, o tratado de Locke é uma vitória sobre a diversidade, sobre a diferença” (Ricoeur, 2007, pg. 114), poristo os idealistas contemporâneos de todos os matizes se debatem sobre estes temas.

 

Depois de várias depurações (exclusão da metafísica da substância, purificação a linguagem pelo Mind versão inglesa do latim mens e outros operações), chega a noção do “mesmo” tão cara a filosofia atual, em sua própria escrita a fórmula da identidade a si: “Pois sendo nesse instante o que é e nda mais, ele é o mesmo e deve assim permanecer enquanto continuar sua existência: de fato, para toda essa duração, ele será o mesmo e nenhum outro” (Ricoeur, 2007, pg 114).

 

Aqui faz o corte da vida interior separada de qualquer possibilidade de relação com a comunitária, explica Ricoeur: “Para nós que nos indagamos aqui sobre o caráter egológico de uma filosofia da consciência e da memória, que não parece propor nenhuma transição dialogal ou comunitária, o primeiro traço notável é a definição puramente reflexiva que abre o tratado.” (Ricoeur, 2007, pg. 114)

 

A falta de visão dialogal e comunitária é justamente o fim da possibilidade de vida interior.

 

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain Fraçois. Campinas: Editora Unicamp, 2007.

 

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