Desigualdade e pobreza
O capítulo 10 do livro de Edgar Morin, A via para o futuro da humanidade, trata de um tema especial para os povos latinos americanos: desigualdade e pobreza.
Dá a ele diversos caráteres: “territorial (regiões pobres/ricas), econômico (de extrema riqueza à extrema miséria, passando pelas classes emergentes, médias e pobres), sociológico (modos de vida), sanitário (extrema desigualdade entre os que desfrutam dos avanços da cirurgia, da técnica, da medicina e os outros) … é preciso distinguir, ainda, as desigualdades vinculadas às diversidades culturais, as diversidades profissionais .. das profundas desigualdades de destino que vão sofrer na vida e os eu vão desfrutar dela.” (Morin, 2013, p 141).
Dá uma visão clara do futuro ao afirmar: “A missão de uma política da humanidade não é igualar tudo, o que conduziria a uma destruição das diversidades, mas visualizar as vias reformadoras que permitiriam a redução progressiva das piores desigualdades” (idem).
Critica a mundialização por seus efeitos perversos: “1) o crescimento do desemprego e do subemprego; 2) o empobrecimento” (pag. 142) e faz proposições políticas no âmbito planetário: “reduzir ou suprimir as dívidas dos países pobres, fornecer gratuitamente aos países pobres fontes de energia renovável, medicamentos, … etc., instalar os sistemas de regulação econômica para acabar com a especulação financeira, …. “ (pag. 143) e no plano das nações, seria preciso: “instituir um observatório permanentes das desigualdades que assinale sua evolução e proponha uma redução progressiva vertical das desigualdades monetárias (fiscalização) e horizontal (abonos de família, renda mínima garantida, ajudas sociais)” (pag. 143) e ainda “criar um instituto permanente encarregado de reverter o desiquilíbrio da relação capital/trabalho, …., bem como o crescimento progressivo do mínimo vital” (pag. 144).
Mas enganam-se os que acham que a única saída é o Estado-Providência, que pare ele é insuficiente, e propõe o que chama de uma nova solidariedade pública “Estado de investimento social” (pag. 152) que ofereceria “formações profissionais (como nos Estados escandinavos) e serviços (proteção as crianças, doentes e idosos solitários)” (pag. 152) e propõe ainda que “esse Estado subvencionaria as ´casas de solidariedade´ e manteria um serviço cívico de solidariedade” (pag. 152) que existe em muitos países, feito por ONGs.
Mas propõe ainda que as inúmeras experiências de economias solidárias que se multiplicam, como “vontade permanente de se libertar da exclusividade da lógica de mercado e privilegiar o auxílio mútuo” (pag. 155) que se formam como redes.
Morin, Edgar. “a VIA para o futuro da humanidade”, trad.