Duas sínteses, e um novo caminho
Questões antigas como “Como podemos entender o mundo que estamos?” que a ciência julgou poder dar uma resposta definitiva se esquivando da pergunta: “O universo teve um criador” parecia desmontar aspectos metafísicos e hermenêuticos que colocariam todas as crenças da possibilidade de um Criador como mera superstição.
O questionamento da ciência reaparece no início do século XX, fazendo emergir questões novas sobre a lógica e a linguagem, e porisso o campo da filosofia da ciência cresceu desde Edmund Husserl com a fenomenologia, R.V.Quine que questionou o positivismo lógico, e Thomas S. Kuhn que identificou o meio pelos quais paradigmas da ciência crescem e morrem.
Mas duas guerras mundiais, sistemas totalitários e o desiquilíbrio da riqueza mundial nas mãos de poucos colocam todo o esforço filosófico e suas práticas e ações decorrentes em chefe, faz a filosofia retomar questões novas, pode-se enumerar vários autores, mas destaco duas mulheres filósofas ainda vivas: Julia Kristeva (1941- ) e Martha Nussman (1947- ).
Julia Kristeva tenta realizar uma síntese estruturalista e pós-estruturalista, avançando nos estudos de semiótica onde criou o conceito de pré-simbólico no sentido de anterior da gramática, colorindo uma das reviravoltas contemporâneos que é a linguística.
Retoma o conceito de intertextualidade, como elemento fundamental de toda teoria pós-estruturalista, de modo que o significado de um texto é informado por outros textos e pela nossa própria leitura acumulada de textos, e um conceito totalmente novo que liga sujeito ao objeto, chamado abjeção, que aponta como pessoas marginalizadas (negros, mulheres, doentes mentais, etc.), descritos no livro Poderes do Horror: um ensaio sobre abjeção (1980).
O Caminho de Martha Nussbaum (1947- ) é um retorno a filosofia clássica, e também um passo ao futuro por aquilo que ela chamou de “reflorescimento”, mas ao contrário de enfatizar o mal e a questão do mal (que também reaparece atualmente com Paul Ricoeur, O Mal um desafio à filosofia e a teologia), ela retoma a partir dos gregos com a fragilidade do bem ou da “bondade” (como foi traduzido), The Fragility of Goodness: Luck and Ethics in Greek Tragedy and Philosophy (1986).
A retomada ontológica parece um caminho comum a ambas, é possível observar toda influencia da fenomenologia de Husserl em Kristeva, e o caminho de Martha Nussbaum há diversos pontos de contato com toda filosofia contemporânea neste caminho