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O que é ser em Heidegger

19 out

 

A questão que Gadamer põe ao final de sua interpretação de Heidegger é se é ser2possível ir além do “acirramento dialético-especulativo de Hegel das contradições do entendimento, dirigindo- se até mesmo para uma superação da lógica e da linguagem da metafísica ?” (Gadamer, p. 309), e a questão do nada, tal como formulada em Parmênides, de modo parecido a determinação do divino por meio da energia (do ato) sem potência como em Aristóteles, apareça como a total destituição do nada (idem).

No entanto, agora entrará em cena, estendendo o nada até Hegel e Husserl, que já formula- mos “porque há antes o ente e não antes nada?”, como me sugeriu uma adolescente: “o que fez Deus antes de criar o mundo”, “e porque não criou antes” ou ainda “poderia não ter criado e nos salvaria de muitos problemas”, claro para quem crê é que a questão é parecida.

O Ser que se desvela em Heidegger está ligado a consciência histórica, digo assim por Gadamer “ … o ponto de partida transcendental em Heidegger é o ente cujo ser está em jogo e que a doutrina dos existenciais em o Ser e tempo carregam consigo a ilusão transcendental, como se o pensamento de Heidegger não fosse outra coisa senão, para falar com Oskar Becker, a elaboração de outros horizontes, até aqui não estabelecidos, da fenomenologia transcendental, horizontes esses que dizem respeito à historicidade do ser-aí” (Gadamer, p. 311).

Mas o ser completamente elabora em Heidegger é novo: “a verdade do ser é a não verdade, isto é, o encobrimento do ser na ‘errância´, não há mais como desconsiderar a mudança decisiva no conceito da ´essência´, que se segue da destruição da tradição grega da metafísica, na medida em que ele deixa para trás o conceito tradicional da essência do mesmo modo que o conceito tradicional do fundamento essencial” (Gadamer, p. 311)

Assim nesse novo conceito de essência “a partir do ser do utensílio, que não tem sua essência em sua impertinência objetiva, mas em seu estar à mão que alguém já sempre deixa ser para além dele em meio ao trabalho, a partir do ser da obra de arte, que abriga de tal modo sua verdade em si, que essa verdade não se torna manifesta de qualquer maneira senão na obra …” (Gadamer, p. 311).’

Ele distingue a essência por sua “insubstancialidade do conceito de objeto de consumo, tal como esse objeto pertence à produção industrial.” (Gadamer, p. 312).

Mas não há mais o dualismo nominalista, “a partir da palavra: também a palavra não possui a sua ´essência´ em ter sido totalmente expressa, mas naquilo que ela deixa sem ser dito, tal como é demonstrado no caso do emudecimento e do silêncio” (Gadamer, p. 312).

Agora “um segundo grande complexo de problemas, que entra em cena agora sob uma nova luz, é o tu e o nós” (Gadamer, 313) que anunciou seus re-leitores Ricoeur, Levinas e o próprio Gadamer.

GADAMER, H.G. Hegel, Husserl, Heidegger. Petrópolis, RJ: Vozes, 201

 

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