Tempo de passagem: os verdadeiros profetas
Tempo de passagem, em período de transição, crise de época, é neste período em que surgem verdadeiros e falsos profetas, mas quem são e foram eles? na história muitos falsos e uns poucos verdadeiros.
Um traço característico é a coerente de palavras e vida, o paradigma teoria x prática é uma das falsas profecias que fez vencer muita teoria ausente de vida e com uma prática muitas vezes perversas, o que coloca os profetas de nosso tempo em destaque é a coerência de seus atos, a dignidade de sua vida e os seus frutos.
Não quero falar de religiosos, embora encontremos alguns poucos, bem próxima da filosofia por exemplo, Edith Stein que foi aluna admirada de Husserl, era judia e tornou-se cristã e foi recentemente canonizada pela Igreja católica.
Podemos falar de outro aluno de Husserl, não tão admirado pelo mestre, que foi Ernest Heidegger, e mais recentemente Paul Ricoeur, Emmanuel Lévinas e também Hans-Georg Gadamer.
Mas quero falar de alguém singular, ainda vivo e cheio de energia nos seus 95 anos: Edgar Morin, educador e pensador de grande fertilidade intelectual.
Defende no lugar da especialização extrema da modernidade, da simplificação e da fragmentação de saberes, algo que o tornou um dos maiores intelectuais do nosso tempo: o da complexidade.
A simplificação levou a falsas profecias, palavras que são atribuídas a Einstein, ao papa e alguma figura de destaque que não corresponde a verdade, é a forma desonesta e lenda de matar os nossos profetas contemporâneos, de jogá-los na vala comum de palavras “simples e fáceis” que não explicam nada e não admitem a complexidade do mundo contemporâneo.
Nada mais complexo que a vida, a beleza, o mundo moderno viu emergir a descrição da natureza pelos fractais contrários ao ideal do número (uma mera abstração), a beleza da vida selvagem e natural, entre eles os ricos “biomas” de que fala uma campanha religiosa desta quaresma.
Ao mostrar sua verdadeira natureza aos seus discípulos, Jesus se transfigura no monte Tabor e diz:
“Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos” (Evangelho de Mateus, 1-9) não apenas porque era contrário a uma visão tanto triunfalista quanto exibicionista, mas porque sabe que os falsos profetas não desejam que a verdade apareça, que a humanidade se transfigura, mas permaneça da obscuridade do logos e da aletheia, dos filósofos pré-socráticos como Heráclito de Éfeso (figura acima).
A convicção que tinha que iria morrer, e de um tipo de morte violenta era além da união com Deus, a convicção de que os homens querem mudanças que lhes convém, não aquelas que toda a humanidade precisa e é urgente.