Ressentimento na pós-modernidade
Falamos da Sociedade do cansaço, um dos sintomas da condição humana na pós-modernidade, que para nós não é um movimento, mas uma era, com vários aspectos de abordagem.
Outro comum de nosso tempo, é o ressentimento, acentuado pela guerra e pela luta política ideológica, que dá áreas de retornar de maneira quase tão violenta quanto foi num início do século passado, mas haveriam contornos novos, sim, um é o ressentimento.
Na literatura filosófica, Nietzsche é quase sempre lembrado, mas não foi o primeiro a abordar o tema na literatura alemã, Eugen Düring por exemplo já utilizara n´O valor da Vida, o que fez foi ampliar a análise do tema elevando ela ao problema psíquico e também o social, diria quase uma previsão de futuro da Europa, pois eram visíveis no seu tempo as fissuras entre nações no velho continente.
Para Nietszche, o ressentimento está ligado a outra categoria sua que é a vontade de poder operante sobre o Outro, afirma em Por que sou tão sábio: ”O pathos agressivo está ligado de forma tão necessária à força quanto os sentimentos de vingança e rancor à fraqueza.”
Psiquicamente o termo está ligado a reviver um sentimento ou sensação anteriormente experimentada, ainda mesmo que positiva, pode ser considerada boa ou agradável, via de regra tem um acento negativo, enquanto a “persistência de um sentimento suscitado por uma injúria, uma injustiça, acompanhado de um desejo de vingança”, conforme afirma o dicionário Quillet, em sua versão de 1970.
As mídias de redes sociais são um reflexo disto, um conjunto de sentimentos irrefletidos, única e quase que exclusivamente são disparados a um primeiro impulso, quase sempre com um script já conhecido (por isso irrefletido), tentam vender seu rancor e não apenas a indignação, por o indigno nos coloca todos no mesmo barco, na mesma utopia.
Na França Republicana revolucionária, foi necessário impedir que o banho de sangue cessasse, para que a democracia pudesse avançar e a nova sociedade ser construída (gravura acima de autor desconhecido).
Não embarcaremos num novo tempo, como ressalta o trabalho de Peter Sloterdijk “todos no mesmo barco”, se não superarmos os rancores sociais, próprios de um fim de época.
Será que Nietzsche abordou a questão do perdão? com absoluta certeza, no trabalho de Miguel Barrenechea: As dobras da memória, ele fala do perdão como sinal de força e saúde – especulações sobre a filosofia de Friedrich Nietzsche, publicado em 2009.