As redes e a crise mundial
As redes sociais estão provocando uma mudança orgânica no conjunto da sociedade, ela já é mais evidente do que era a 10 anos atrás, mas ainda se confunde a organização em rede com a descentralização e há fortes forças conservadoras que pedem uma nova “hierarquia” social, ainda que descentralizada com poder central.
A percepção de que este ou aquele país é um país em “crise” mais aguda que outros é válida, mas a verdade é que são aqueles que mais aprenderem com a crise que poderão sair dela mais rápido, a primeira lição é que há uma sociedade mais atenta, mais diversificada e menos capaz de suportar esquemas centralizados e autoritários, mas por que então esta onda ?
Justamente porque a grande maioria dos “silenciosos” agora revelam a verdadeira face , a da conveniência e a da convivência com valores que no fundo eram apenas “suportados” pelos que sofriam alguma forma de exclusão, e não falo só a financeira, ainda que seja grave.
Edgar Morin ressalta que agora o espaço “público reúne a sociedade em sua diversidade. A direita, a esquerda, os malucos, os sonhadores, os realistas, os ativistas, os piadistas, os revoltados – todo mundo. Anormal seriam legiões em ordem, organizadas por uma única bandeira e lideradas por burocratas partidários. É o caos criativos, não a ordem preestabelecida.”
Pode tudo isto desandar numa guerra civil, concordo com Manuel Castells: “guerra civil e movimentos sociais são incompatíveis!”, mas os movimentos sociais agora não são somente as massas manobradas por sindicatos e partidos, é isto que temem os caudilhos, há muita desconfiança e segundo Castells “partidos são universalmente desprezados pela maioria das pessoas”, por que sabemos que pagamos o salário dele (alto) e não fazem o que deviam fazer.
Mas é preciso salvar valores sociais para não cair na tentação da violência e do autoritarismo que é o que desejam os radicais e suas massas de manobra, Castells afirma “você preciso de muito mais valor para não ser violento. Ser violento é fácil.”
Estou em Portugal que viveu uma crise profunda e ainda sente reflexos dela, mas aprenderam a conviver, a dialogar e a ter um pouco mais de paciência com graves problemas sociais, mas este fim de semana havia uma mega manifestação de professores que tiveram salários afetados e aposentadoria (reforma aqui) atrasada, alguns podem ter direito só aos 70 anos.