Depredar gera valores imediatos, preservar permanentes
Elinor Ostrom, primeira mulher prêmio Nobel de Economia, investigou porque há povos e situações que se adaptam aos seus limites de exploração e conseguem se sustentar enquanto outros simplesmente predam seu patrimônio natural – os chamados recursos comuns (common pool resources) (solos, água, ar, florestas, estoques pesqueiros, etc), as vezes confundidos com os bens comuns.
Suas pesquisas são abrangentes, uma recente usa o modelo de jogos para gerenciar bens comuns (veja nosso post), outra bem interessante mostrou como pescadores de lagostas no Maine, nos EUA, conseguem se organizar para regular, sem intervenção do governo ou de empresas, a pesca do crustáceo.
Um conceito importante, discutido por gente séria na economia, é a chamada “Tragédia dos Comuns” (Garret Hardin em 1968), segundo a qual o meio ambiente é penalizado porque os indivíduos levam em conta apenas seus interesses particulares, sem se preocupar com os interesses das outras pessoas e das futuras gerações, é o individualismo. A superação do individualismo não é o coletivismo mas a reciprocidade.
Isto nos ensinou a extraordinária Elinor, a interpretação redutora da norma de reciprocidade na estratégia da teoria dos jogos, que consiste em fazer apenas aquilo que o outro faz, tit for tat” (toma lá, dá cá), mas é a confiança mútua que explica a reciprocidade, considerada como uma norma moral internalizada, explicada em seu livro de 1998, a Govern of Commons (Governança dos bens comuns).
Elinor Ostrom ao receber o Prêmio Nobel de Economia em 2009 afirmou que seus estudos podem ser bastante úteis para os problemas atuais, quando a economia busca novos caminhos e enfrentar temas complexos como o aquecimento global.
Uma proposta de economia que vislumbra o Bem Comum, e a reciprocidade é a Economia de Comunhão, que de modo abrangente contempla ainda o problema social, os relações humanas na economia e o consumo responsável.