Complexidade humana, finitude e psicologia
Nada mais débil que desejar prender o homem que torna-lo refém de ideias ou de métodos estáticos, assim não há tese e antítese, mas ser e não ser, Husserl afirmava que “pelo fato de conceber ideias, o homem se torna um homem novo, que, vivendo na finitude, se orienta para o polo do infinito”, mas ideia aqui aquele é o eidos da Grécia antiga.
Este conceito vem de uma raiz proto-indo-europeia “weid”, “ver”, origem das palavras, εἶδος (eidos) e ἰδέα (ideia), segundo o Dicionário “American Heritage Dictionary” , e sua origem pré-socrática está ligada a investigação sobre o que são as coisas em sua essência, e assim aparece a ideia de substância, como o que uma coisa é independente de suas mudanças de “forma”.
Edmund Husserl antevendo que resultaria a filosofia idealista que se fixou nas formas e que não enxergou mais a essência, afirmava “os filósofos, na atualidade, são muito aficionados a crítica em vez de estudar as coisas por dentro”, é devido a este fato que nos fixamos nas formas, e nos efeitos sem nunca nos remeter as coisas e as essenciais.
Assim se estabeleceu sua filosofia fenomenológica, é preciso retornar “às coisas mesmas”, em uma famosa expressão de Husserl, e sua fenomenologia é este caminho de volta as coisas, ao mundo da experiência vivida ou do “lebenswelt” (mundo-da-vida) que é o contrário do mundo das ideias, desde Parmênides, passando por Platão, até Kant e Hegel.
A fenomenologia nasceu da psicologia social de Franz Brentano recuperou a ideia de intencionalidade, vinda do conceito ontológico de consciência, sendo ela própria o que põe em relevo o ponto mais importante desta vivência, ou seja, a intenção elucida a estrutura do que é consciente.
O que se esconde então em toda vivência, é a intenção do que se é consciente, e se toda consciência só faz sentido como consciência de algo, a psicologia trata do que não é consciente ou não está acessível neste nível.