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A arte, a cisão e a unidade

03 set

Hölderlin, poeta alemão citado e elogiado por Heidegger, também manteve intimidade com a filosofia, em um de seus escritos pouco conhecido contestou o “eu absoluto”, mas é preciso questionar também um “nós” preciso a uma bolha, a um mundo hierarquizado e estilizado, na perspectiva do poeta a consciência sem objeto seria inconcebível e todo juízo pressupõe o mundo, o que é muito próximo da consciência de algo que a fenomenologia propõe.

Os princípios teóricos de uma filosofia da história, muito próxima a visão da consciência histórica de Gadamer, foi elaborada como divida em três épocas: a unidade, a cisão e a recuperação da natureza (sob a forma da naturalidade da arte), porém Hölderlin tratou também do aórgico, e poder-se-ia pensar na real recuperação da natureza, em tempos pandêmicos parece dar um respiro: peixes, pássaros e animais reaparecem, o ar está mais leve e parece que a natureza agradece.

A cisão, que faz com que o homem se veja diante de tantas contradições e desigualdades, é também disse Rousseau, uma condição de liberdade, entretanto ao se deparar com indignidades e injustiças esta condição parece estar ameaçada, o poeta lançava mão da poesia como uma “contraposição harmônica” entre o eu e o mundo, porém reivindica um terceiro, poético e harmônico no qual que habita o mundo dos textos como supôs Roland Barthes, diz em sua poesia Metade da Vida:

            Onde se é inverno, achar as flores, e onde a luz do sol e as sombras da terra?”

            No final restam somente “muros e bandeirolas ao vento”

            O próprio poema é metade que não se completa sem o leitor e o mundo.

            É também incerteza, conforme esta bela imagem da “canção do destino de Hipérion”:

           “como água de penhasco em penhasco lançada incessantemente no incerto”.

A canção de destino de Hipérion diz:

           Andais lá em cima na luz

          Em chão macio, gênios felizes! Cintilantes brisas divinas

          Tocam-vos de leve

          Como os dedos da artista Cordas sagradas.

O que Hölderlin me inspira é a diferenciação entre o pensar e o filosofar, Heidegger também descartou o segundo, no caso do poeta sua vida e obra ocasionam relações entre o pensamento e a poesia, e esta sim, numa relação nova com a filosofia propõe um terceiro, não há mais poetas logo filósofos também não.

 

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