Uma cidadania planetária
A crise pandêmica mostrou que nossos problemas mais sérios são globais, afetam todo planeta, a segunda onda que já está na Europa não tardará a chegar nos diversos continentes, se é que já não chegou em pequenas doses, elas nos levam a pensar planetariamente o que parece difícil com a polarização política.
O que é preciso é abandonar velhas propostas, e tornar possível a convivência da liberdade privada com as fortes urgências sociais, a proposta do banqueiro dos pobres Mohanmmad Yunus vai nesta direção, eliminar a pobreza, a emissão de carbono e garantir empregos para todos, tornou-se na pandemia mais urgentes.
Não é a proposta única, é claro, outra como economia solidária, criativa, grupos de cooperativas de pequenos agricultores, podem compor uma ecossistema produtivo capaz de se adaptar a interesses e vocações locais de produção e de vida humana, é preciso sobretudo sair do excesso de consumo e do stress social.
Não é menor nem desprezível os aspectos culturais nos quais se incluem as religiões e crenças (no sentido lato da palavra) dos povos e nações, faço distinção porque muitas nações já tem em seu interior povos de origens culturais diferentes, o que aqui se chama de cultura originária, nas quais incluem-se também as indígenas.
Não há um concerto claro de como isto pode ocorrer, um amplo diálogo pan-nacional (o que dissemos a pouco de “povos”) é fundamental para organizar um novo ecossistema social aonde o fundamento da seguridade social aliado a liberdade pessoal esteja como premissa para traçar este futuro.
Por enquanto, como uma família que desorganizou as contas da casa, e colhe muitos dissabores desta desorganização, ainda há ditaduras de diversas ideologias no planeta, guerras como tentativas de submissão cultural, novos tipos de colonialismo, embora tenha surgido uma forte corrente de decolonização (o termo é esse), o que acontece no planeta pode ser uma ruptura em situações graves e própria “casa comum” pode reagir, o que já chamamos de mutação aórgica.
Uma passagem bíblica fala sobre a sabedoria e os que a procuram, ela é um estágio acima da simples inteligência, é preciso estar aberto ao novo e deixar também o que ela “entre”, diz o livro da Sabedoria (Sb 6,13-15): “Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela, em breve há de viver despreocupado”.
Assim a sabedoria está aliada ao dom da “prudência”, e meditar sobre ela é “a perfeição da prudência”, a ignorância cria apenas fanatismos e crueldades.