A decadência social e a confiança
A mais grave crise social de nossa sociedade, é que mesmo sendo eleito democraticamente, governantes eleitos como deputados, senadores, prefeitos e os mandatários máximos dos países são pouco dignos de credulidade e respeito e isto as vezes explode fora do que é moral.
Confiança como um conceito epistemológico, que possa dar credibilidade ao termo, é indispensável se pensamos na vida social, familiar ou de círculos de amizade, mas não há um consenso sobre uma definição confiável, não querendo fazer uma redundância.
Se lermos estudiosos vemos que sentiram necessidade de verificar as origens do conceito, na busca por compreender melhor seu uso em áreas do conhecimento onde há um arranjo epistemológico que auxilie este esclarecimento.
Um trabalho pioneiro do assunto, foi desenvolvido por David Hume, que a partir das razões históricas quanto ao papel do testemunho na justificação das crenças, o que acabou sendo conhecido como Epistemologia do Testemunho.
Quem imagina que isto é um assunto superado e pouco ou nada tem a dizer ao pensamento atual, cito o pensamento de Giogio Agamben em entrevista no Il Manifesto, em que afirmou? “Contra essa experiência testemunhal do mito está a concepção do mito da modernidade, a qual (por um lado, na forma da desmitização e da ciência do mito e, por outro, na busca de uma ‘nova mitologia’), na verdade, é apenas a sombra produzida pela razão iluminista” (reproduzido em Flanagens, em 14-06-2021), afirmou o octagenário filósofo italiano.
Tanto na cultura oral como na escrita o testemunho é importante, mas surge uma questão para os dias de hoje: por que confiamos, senão em todos, pelo menos em muitos testemunhos?
Na história da epistemologia, o testemunho como fonte de crenças verdadeiras foi relegado a um segundo plano ou desautorizado na conduta filosófica, isso porque a tradição atual da epistemologia é fortemente individualista.
O aspecto social da aquisição de conhecimento, portanto, não era parte do problema do conhecimento. Mas não é difícil demonstrar nossa dependência epistêmica de outros para aquisição de crenças verdadeiras.
Não é possível voltar a confiança sem uma verdadeira Epistemologia do Testemunho.