Erro, correção e paz
A primeira coisa que morre numa guerra é a verdade, e isto é bilateral, porque o oprimido em revide vai fazer coisas que condena no agressor.
A correção coletiva é possível se houverem órgãos reguladores capazes de serem imparciais, quando também eles não conseguem sair do erro bilateral a paz fica cada vez mais distante, quando toma medidas de punição unilateral são também agentes de agressão, não significa que não devem impor sanções e até mesmo tribunais onde crimes de guerra são julgados.
Por isto tratamos nesta semana sobre a verdade filosófica, jurídica e moral, o maio e mais grave erro se comete quando tribunais e órgãos de moralidade pública se corrompem, é um prenuncio de um caos estabelecido e pode levar a uma escalada da guerra.
No âmbito da moral não se pode esquecer e deixar de expressar os erros pessoais, mas a punição deve passar por etapas ou rodadas de negociação e contornar os problemas mais grandes de uma contenda, é difícil, mas somente órgãos e pessoais imparciais podem obter este resultado.
Assim conforme discorremos no post anterior a verdade é ontológica, se realiza com a existência do Ser, mas ela também é Ser, e não se trata da argumento ontológico de Anselmo da Cantuária: “a verdade é a retidão do objeto percebida pela mente. E o que é a retidão? É algo ser o que é”, claro e este Ser que é sendo necessário “prova” a existência de Deus.
Anselmo na verdade era de Aosta, Itália, ficou chamado da Cantuária, porque sendo monge beneditino foi chamado a ser arcebispo da Cantuária, na Inglaterra onde falece, o que é pouco conhecido e deveria ser melhor entendido dentro da história da ciência é a influência de Boécio, famoso pela “querela dos universais” e uma verdadeira gênese dos conceitos da ciência.
Toda estas verdades temporárias são importantes, o argumento da falseabilidade da ciência de Karl Popper, assim como a estrutura das revoluções científicas de Thomas Kuhn apenas ajudam a tender que há verdades ex-sistentes e aquelas que são eternas, que Boécio vai propor como “universais”, porém não se trata de uma relação entre sujeito e objeto, mas é puro Ser, o próprio universo se não houve Big Bang, as descobertas do James Webb parecem ir nesta direção, não invalidade o Ser que é, aquele que sempre foi e sempre será, mas ajuda-a.
O profeta Miquéias que anunciou a vinda daquele que é, e disse que nasceria na pequenina Belém, afirmou assim (Mq 5,1): “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade”, Miquéias viveu aproximadamente entre 750 a 690 a.C.
Sobre a correção pessoal, a proposta bíblica vale para todos (Mt 18,15-16): “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas”.
Miquéias lembra no texto ainda que “Ele mesmo será a paz” (Mq 5,4) ela também é ontológica, sem o reconhecimento do Ser, da dignidade de cada pessoa (Boécio foi o primeiro a levantar esta questão) não há paz, não há verdade e não justiça, embora usem-na contra a paz, nada mais injusto e equivocado.