RSS
 

A guerra e a ilusão do poder

23 ago

Seja qual a forma que definimos com poder, e isto não exclui o empoderamento dos fracos, é sempre uma forma de dominação de um ser sobre o outro, haveria então alguma forma de equilíbrio, ou no dizer da filosofia, alguma forma de simetria ou horizontalidade ? 

A resposta de Byung-Chul Han no livro No enxame parece direta e simples: o respeito, toda as outras formas supõem alguma hierarquia ou assimetria de poder.

É triste observar que muitas filosofias e espiritualidades contemporâneas também apontem para formas de poder: seja mais, seja o primeiro, como conquistar coisas a frente dos outros e milhares de formas “mágicas” para iludir e enganar gente inocente que embarca nestas falsas promessas.

Somos seres finitos e limitados, o equilíbrio e a vida social dependem de todos, e os ódios e as guerras são a manifestação mais cruel de formas de desequilíbrios e de assimetrias.

O igualitarismo é também uma ilusão, somos diferentes e com diferentes aptidões e isto não nos prejudica, a complementaridade humana nos ajuda a realizar diferentes tarefas e em diferentes contextos, alguns com mais talento e outros com mais dificuldades, porém não é preciso descartar ninguém, a vida social é composta pelo conjunto de ações individuais.

Porém o conjunto de valores e estímulos que temos interiormente dependem de uma ascese humana e espiritual, não um altruísmo idealista, mas um bom sendo de respeito e dignidade da qual todos somos portadores.

A sociedade moderna, desde o iluminismo e o idealismo resolveu que estes fatores “subjetivos” (na verdade é a interioridade humana, real e imaginária) deveriam ser descartados, e o resultado é uma sociedade violenta, sem equilíbrio e que depende da força bruta para equilibrar-se, nisto o Estado e a força policial acabam tendo um papel preponderante.

É rato optar-se pela não violência, pelo respeito ao diferente e aos valores morais, tudo isto parece duro e parece cerceador da liberdade, mas é a garantia de equilíbrio e serenidade.

Na bíblia, os discípulos diziam ao mestre Jesus: “suas palavras são duras” (João 6,60) e Ele respondia: “isto vos escandaliza”, “o Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada” e alguns decidiram não caminhar mais com Ele, o que pomos na mente é que encaminha nossa vida.

 

Tags: ,

Comentários estão fechados.