A essência e a virada linguística
O dualismo presente hoje nas relações humanas e sociais, concebe a essência apenas como analogia ao Ser, e isto ficou perdido na doutrina tomista, tornando-se uma onto-teologia até o século XX, isto é, uma visão teológica que só tem relação dual com o ser social, só com a variada linguística e a fenomenologia e com o reencontro do Outro, o não-Ser é retomado não como contradição, mas como essência do Ser.
A longa discussão do período medieval entre realistas e nominalistas, tinha como base um termo hoje pouco conhecido que era a quididade, que significa que coisa a coisa é, desde a hylé grega até os modelos modernos da metafísica de Heidegger, onde a coisa que pode ser material ou não, que já era pensado na linha de Husserl, seu antecessor e professor, que afirma que só existe consciência de algo, ou da coisa.
Existiu um filósofo na idade média, Duns Scotto (1266-1308) que não fazia distinção entre a coisa que existe (si est) e o que ela é (quid est), e teologicamente era complicado pois a tese de Tomás de Aquino (1225-1274) era pela analogia, ou seja, o significado de semelhança entre coisas ou fatos (dicionário Houaiss, 2009, p. 117), e os religiosos sempre apressados cuidado porque no século XX Duns Scotto foi aceito dentro da doutrina cristã católica, tornando—se beato (João Paulo II o declarou).
Embora chamado de realista moderado, já era de certa forma, um linguista e um precursor da viragem linguística, também William de Ockham, seu discípulos trabalhou a questão da linguagem, com o famoso tema chamado de Navalha de Ockham, mais que a simplificação o uso da linguagem como forma de superação do dualismo nominalismo/realismo.
A sua teoria do conhecimento de Scotto, trás distinções conhecidas distinctio realis (distinção real) e existe entre dois seres da natureza, e a distinctio rationalis (distinção de razão) que se dá entre dois seres, mas na mente do sujeito que conhece, mas rompe o dualismo ao criar uma terceira possibilidade a distinctio formalis (distinção formal) que se dá no ente percebido e não é nem real e nem na mente.
Assim além de seu discípulo William de Ockham, famoso pelo princípio a simplificação chamado Navalha de Ockham, mas de certa forma Descartes, Leibniz, Hobbes e Kant tiveram sua influência.
Em tempos de pandemia foi muito mais importante a fraternidade de socorrer vítimas, que o debate ainda incerto da ciência e das “crenças” que este ou aquele procedimento é certo, em ambientes hostis quem venceu foi a morte, assim dogmáticos e autoritários só atrapalharam, porém isto também se perdeu.
Assim é fundamental para retomada da consciência do Ser que tenhamos presente o Outro, sem ele a sua essência e como ele é para cada homem fica preterida.
O que somos interior e exteriormente tem a ver com esta essência perdida.