O mal e nossa mente
Não gosto do gênero de terror, mesmo assim fui assistir no filme argentino O mal que nos Habita (foto), dirigido por Demián Rugna (Aterrorizados, the last gateway) e me fez reflexões sobre o mal que pode ser encontrado em regiões e locais onde percebem algo errado e saem a procura de explicações, no caso do filme, após encontrarem um corpo mutilado.
São muitas as mutilações contemporâneas: drogas, embriaguez, pornografia barata, roubos e tudo o que acompanha uma sociedade em crise, no caso do filme eles acabam descobrindo um homem com o corpo infectado pelo diabo e que está prestes a dar a luz a um demônio real.
Não cabe aqui a discussão sobre a realidade da existência desta entidade, pessoalmente creio, porém, o interessante do filme é a comunidade se reunir diante de um caos já instalado para tentar combate-lo e o tempo parece não estar a seu favor.
A metáfora que vejo é não apenas as guerras, como também diversos pensamentos e males já instalados e a população em busca desta “entidade” do mal, porém sem conseguir encontra-la, estamos num limiar civilizatório perigoso e o pior é aquilo que aprisiona a mente e a alma.
Ausência de perdão, fechamento em grupos concêntricos, mais do que bolhas são correntes culturais equivocadas onde um grupo procura eliminar o outro sem qualquer possibilidade de trégua e se pudéssemos denominar este “mal” seria o que Freud chamou de “mal estar civilizatório”, no caso do filme, não eliminar, mas tratar daquele “homem” infectado.
A exclusão e o combate ao “outro lado” parecem as respostas mais evidentes, porém ela só nos encaminha para um mal maior: a guerra, a exclusão e suas consequências.
Reconhecer nossos erros é o primeiro passo, mas deve ser complementado com o perdão aos que por algum motivo nos prejudicaram ou ofenderam e o terceiro é verificar a origem do mal social, este o mais difícil porque a maioria, sem a sabedoria necessária, prefere a exclusão.
Não se trata de tolerância ao mal, nem mesmo a inocência perante ele, é preciso testemunhar vivendo a esperança de um recomeço pessoal, dos que estão a nossa volta e social, vemos no caso do acordo de paz de Israel este passo difícil, pois os espíritos continuam armados, ontem houve novo bombardeio de Israel.
O mundo espera a paz, não haverá com espíritos armados, incapazes de dar o primeiro passo, pois de alguma forma estamos todos infectados por um clima de hostilidades.