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Não fomos ou queremos ser modernos ?

20 out

O livro de Bruno Latour é dividido em cinco capítulos, quais sejam: Crise, SãoPauloConstituição, Revolução, Relativismo e Redistribuição.

Latour põe em suspensão o conceito de modernidade e diz não apenas que ela é ambígua, mas que deve-se pensar se ela de fato saiu do papel e dos discursos, apesar de ser um período onde a ordem é altamente desejada, devido a ausência de um projeto “único” ela provoca a hibridização das coisas e dos sujeitos

É o que Bauman, no seu livro Modernidade e Ambivalência desejou analisar, mas no qual ele afirma mais o que modernidade é do que aquilo que não-é e nunca foi, por isto é líquida.

Diferente de Bauman, Latour vai analisar as raízes de nosso pensamento “moderno”, onde seus agrupamentos, e conceitos vão ser analisados a partir dos pensadores Boyle e Hobbes, lá no início da modernidade.

Boyle num momento em que uma dúzia de guerras civis são deflagradas escolhe um método de argumentação, o da opinião, ridicularizado pela mais antiquada tradição escolástica.

Já Hobbes desacredita todo o dispositivo de Boyle e afirma que só existe um único conhecimento, um único poder caso se deseje dar um basta às guerras civis, é o famoso hommo lúpus homini (o homem é o lobo do homem) de onde surgiu o seu livro Leviatã e de onde parte toda a tradição contratualista, de onde vieram nossas ´repúblicas” e democracias.

Latour em seu terceiro capítulo trata da Revolução, estamos num final de época, ainda que a modernidade jamais tenha cumprido seu papel, o da ordem, ou da “pacificação humana”, aquilo que Peter Sloterdijk diz em seu livro “Regras para o parque humano”, projeto que faliu.

Afirma dos projetos revolucionários estão em ter tentado percorrer uma última vez o círculo dos pré-modernos, englobando todos os seres divinos, sociais e naturais, o próprio Marx discutiu isto em Ideologia Alemã, a fim de evitar a contradição do kantismo entre o papel da purificação e o da mediação.

Latour explica que separamos duas dimensões (ele diz qualidades) ontológicas puras, seja a do espírito uma versão mais subjetiva, seja da matéria em sua versão mais objetiva, ou seja, separamos as coisas dos sujeitos, deu no que deu: a divisão do SER.

Os pós-modernos acreditam que ainda são modernos porque aceitam a divisão total entre o mundo material e a técnica de um lado, os jogos de linguagem dos sujeitos falantes de outro.

As coisas assim como a tecnologia fazem parte da vida humana, separá-las é um início de esquizofrenia, fragmentar o ser colocando a vida “espiritual” longe da concreta e humana.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Tradução de carlos Irineu da Costa. 2. Ed. Rio de janeiro: Ed. 34, 2009. 152p. (Coleção TRANS).

 

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