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O desprezo pelas massas e as elites

30 ago

A análise da elite política, seja de esquerda ou direita, é aquela de que a massaMeioCheio no fundo é manobrável e podemos depois de uma situação de “medidas amargas” apresentar um país mais confortável e seguro, para quem ? para os investidores internacionais.

 

Peter Sloterdijk analisou este discurso em livro  “Desprezo das massas” (Estação Liberdade, 2001), um diálogo com Elias Canetti e seu diagnóstico acerca da agressividade da “massa” e estendeu-se em um diálogo com Heidegger, Nietzsche, Foucault, Rorty (critica neste a sua aposta em uma estupidez anti-filosófica) e alguns outros, que já apontamos em um post deste blog.

 

Em seu livro faz ironia com os “amantes das massas inteligentes”, ao afirmar: “Por essa razão em todo mundo crescem como erva daninha aquelas comissões de ética que, como institutos da destroçada filosofia, querem substituir os sábios. ” (Sloterdijk, 2001, p. 99)

 

Essa multidão sem rosto, já definida por Giogio Agamben como “homo saccer”, mas até Marx deu um nome desprezível ao chamá-lo de “lumpemproletariado”, o lodo do proletariado.

 

Ranciére que escreveu o “O ódio a democracia” (Boitempo, 2015), afirmou em entrevista a um jornal: “no fato de que o “poder do povo” é impossível de ser contido em uma fórmula constitucional. Há uma contradição entre esse poder e a forma estatal em geral, que é sempre uma forma de privatização do poder de todos em benefício de uma minoria. Por um lado, isso quer dizer que o poder do povo deve ter seus organismos e suas formas de ação autônomas em relação às formas estatais.”

 

São estes sábios os amantes da liquidez baumaniana, assim podem condenar e dizer que são “Vidas Desperdiçadas” (Zahar, 2005)  é uma leitura negativa e elitista da vida deste fim de época, chega a afirmar que existe o “medo do outro” ou “O medo cósmico é também o horror do desconhecido, o terror da incerteza” (Bauman, 2005 pag. 61), negativas pois são justamente de um momento que ocorre uma inversão, em Totalidade e Infinito (Edições 70, 1980) do filósofo Lévinas são uma das várias referências desta mesma questão, mas com uma leitura positiva.

 

Como dizem vários sábios e místicos, podemos olhar a metade do copo cheia ou vazio, é a mesma realidade, inclusive a brasileira, prefiro olhar a metade cheia.

 

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