Hermenêutica do “bom” ladrão
Uma das passagens mais enigmáticas, mas também mais esclarecedora do ponto de vista de busca da verdade, é aquela em que um dos crucificados ao lado de Jesus, o ladrão Dimas que mesmo sendo ladrão (o bom é por conta da cultura popular) entende que há entre eles alguém que não é ladrão e mesmo assim está injustamente pagando por algo que não fez.
É importante, porque se fala hoje em dia em acordos de leniência, aquele em que tendo cometido um crime alguém resolve repará-lo colocando as claras os fatos, mas também deve haver um compromisso de não participar mais de processos ilícitos, mas há garantias desta “mudança” de atitude?
O que está confuso nos processos legais de hoje é muito simples, as pessoas mudaram de comportamento e de mentalidade, e reconhecem o imenso erro de roubar o dinheiro público?
Na passagem descrita no evangelho de Lucas (23,35-43), há este diálogo , primeiro entre os dois ladrões: 41Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.
E depois, Dimas se volta para Jesus e diz:
42E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. 43Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Esta passagem é verdadeiramente extraordinária, porque se resolvemos mudar de mentalidade, isto é, uma verdadeira “metanóia” que sempre é possível, embora rara, podemos entrar num processo de felicidade novo, mas sem resmungar, reconhecendo o erro.
Há pessoas que nunca se arrependeram, nunca mudaram, nunca cresceram.