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Fusão de horizontes e diálogo

27 jan

É possível falar de diálogo sem exercitar nenhum processo diálogo, é Murosum discurso comum porque todos querem reivindicar para si a universalidade do próprio discurso, mas isto é uma ruptura dentro do processo de construção de um discurso coletivo.

O importante de muros é que por trás deles há aqueles que constroem pontes e estas fatalmente dão mais mobilidade do que os muros, e assim encontrar caminho mais fácil.

Em filosofia é o que se chama de fusão de horizontes, enquanto o discurso do diálogo anti-dialógico fecha-se num círculo hermético da aprovação de seus pares, o processo que vai além do diálogo, pois é hermenêutico, constrói estrada da verdade que são seguras e pavimentadas.

O fechamento hermético em teoria/prática, discurso idealista da modernidade, o compreender, enquanto modo de ser mais básico do homem e sua inserção no horizonte da vida prática indica uma é uma questão muito mais chave na tradição hermenêutica.

Longe de ser idealista, é possível falar de engajamento hermenêutico com uma nova “práxis” que acontece na medida que desenvolvemento uma relação aberta ao discurso do Outro.

Gadamer, um dos artífices desta nova articulação dialógica, vê em muitos casos que a reflexão sobre o que é práxis não tem deve substituir nossa imersão dentro da lógica da vida, enquanto ela se seja realizável e objetiva em fatos vistos e não apenas imaginados.

Para o filósofo da nova hermenêutica, “a compreensão deve ser pensada menos como uma ação da subjetividade que uma participação em um evento da tradição, um processo de transmissão no qual o passado e presente são constantemente mediados” (Gadamer, 2003).

David Waberman, um dos leitores de Gadamer afirma que: “A compreensão é, de modo geral, um caso de fusão de horizontes”, e, no caso da compreensão do passado, uma “mediação pensante” (thoughtful mediation) tnato do passado quanto do presente (Waberman, 1999).

Assim o sentido que damos de um texto que estamos lendo ou mesmo (talvez mais ainda) obra de arte, não devemos ter a pretensão de reconstruir a intenção original do autor, mas compreendê-lo de tal modo que sua verdade se manifesta a nós.

Independente da nossa situação histórica, todos estamos vivendo-a no mesmo momento, e esta necessariamente envolve uma compreensão sempre diferenciada, e sempre diferentemente do modo como a obra foi originalmente pretendida, assim também a vê o autor Waberman, logo podemos “dialogar” sobre ela se estamos abertos ao horizonte do Outro, na maioria das vezes isto é feito sem o diálogo do Outro diferente, mas do outro que repete o meu próprio discurso, sem a necessária dialogia.

A diferença dialógica é que uma constrói muros, mesmo afirmando o contrário, e a outra constrói pontes, mesmo que seja com as pedras atiradas.

 

GADAMER, H. G. Verdade e Método. Petrópolis: Vozes, 2003

WEBERMAN, David. Reconciling Gadamer’s non-intentionalism with Standard conversational goals. In The Philosophical Forum, v. XXX, n.4, p. 317, dez/1999.

 
 

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