Consciência no circulo hermenêutico
A análise de Gadamer é que as humanidades (substituo definitivamente o termo em alemão Geiteswissenschaften) é diferenciar o que Mish e Dilthey chamaram de “distância livre em direção a si mesmo” como o verdadeiro problema das humanidades na filosofia, que era o verdadeiro pressuposto de Heidegger, e não apenas o “problema do ser”.
Conforme Gadamer indica “ele se encontra na conexão entre a “vida” que sempre implica consciência e reflexividade e ´ciência, que se desenvolve a partir da vida como uma das possibilidades.” (pag. 12)
Indicando que a existência enquanto “ser no mundo” (expressão conhecida de Heidegger) “revela plenas o Verstehen como possibilidade e estrutura de existência” (idem).
A razão de recorrer a Heidegger é clara, já que “as ciências humanas adquirem uma valência “ontológica” que não poderia permanecer sem consequências para a a sua autocompreensão metodológica [e] … encontram-se mais próximas da autocompreensão humana do que as ciências naturais. A objetividade destas últimas não é mais um ideal de conhecimento inequívoco e obrigatório.” (idem)
Ele tocará na segunda conferência a questão da hermenêutica tradicional de Dilthey, que já tocamos de relance no post anterior, depois retomará Aristóteles que o fez reconhecer o “entrelaçamentos particulares do ser e do conhecimento” para depois discursar sobre a Ética a Nicômacos, que será nosso último tema, mas sem antes deixar de reconhecer “a ´mistificação´científica da sociedade moderna em que reina a especialização” (pag. 13).
O último tópico se fecha ao segundo, ao discorrer sobre a hermenêutica “romântica” de Dilthey, na segunda conferência, retoma o tradicional “círculo hermenêutico” (aqui já pensando em Heidegger que o esboçou), “se apresenta sob novo aspecto e adquire importância fundamental.” (idem)
Afirmando que o círculo hermenêutico é rico em conteúdo (inhaltlich erfüllt) ao reunir interprete e seu tenho numa unidade interior em total movimento (processual whole).
Compreensão implica em uma pré-compreensão e esta por sua vez é prefigurada por uma “tradição determinada que vive o intérprete e que modela os seus preconceitos.” (idem)
Para Gadamer, todo encontro implica em “uma suspensão de meus pré-conceitos” (idem) que por “encontro com uma pessoa com quem aprendo minha natureza e os meus limites” (idem), mas sua revolução está em que “é impossível contentar-se em “compreender o outro”, quer dizer buscar e reconhecer a coerência imanente aos significados-exigências do Outro” (pag. 14), o maiúsculo é meu pois há confusão em discursos sobre isto, e é o próprio Gadamer que esclarece: “Um chamado está sempre subentendido.” (idem)
Sua conclusão é contrária a todo recurso e discurso que não se vale da verdadeira alteridade, de um dialogismo sério onde o outro, seja realmente o Outro, eis a razão do nosso maiúsculo.
Gadamer chega a afirmar: “que eu esteja disposto a reconhecer que o outro (humano ou não) tem razão e a consentir que ele prevaleça sobre mim” (Idem), poderia concluir mas … diz aí