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Finititude, dor e transubstanciação

13 abr

Já afirmamos que todo o caminho feito Gadamer possui elementos para concluir EucaristiaUniversoque a experiência é a consciência da própria finitude humana e das limitações, e citamos a referência clássica de Ésquilo que é bastante ilustrativa: “aprender com o sofrer”, ou seja, de forma dolorosa, o homem torna-se ciente de sua separação da divindade e da temporalidade de sua existência, mas o que é existência enquanto espírito e matéria biológica ?

Tratarmos da natureza, já o dissemos implica em diferenciar o natural do cultural, mas se pensamos no sentido da astrofísica e a formação do cosmo e dos planetas, chegaremos onde ? quando foi formada a primeira substância orgânica, e como ela saiu da natureza de compostos químicos, rochas e poeira cósmica.

Sabe-se que a água foi um elemento importante, mas o primeiro composto orgânico certamente originou-se de gases agindo sobre algum corpo inorgânico, ou seja, de alguma forma ocorreu a primeira “substanciação”, isto é, uma vida orgânica formada a partir da inorgânica.

Mas o contrário seria possível, uma substância orgânica transformar-se em inorgânica, sim é o que acontece com a morte, podemos pensar a dor como pequenos anúncios de uma morte de algo orgânico em nosso organismo que deixa de ter uma forma funcionalmente correta.

Mas a transubstanciação é algo mais misterioso e profundo, seria conscientemente um Ser orgânico transformar-se num inorgânico, e no caso da mística cristã primitiva, o pedaço de pão sem fermento, isto vem da festa dos pães ázimos feita pelos judeus desde Moisés, até os nossos dias em que a Eucaristia significa a transformação do corpo e sangue de Jesus em hóstia consagrada, alimento para a alma desconectada do cosmo, neste mistério, sua religação com o cosmo, e portanto a verdadeira religação e assim essência desta “religião”, que é o religare.

A sua festa é feita na quinta-feira santa, mas a transubstanciação é festa de todo o cosmo, pois em algum momento da história o “corpo” sagrado tornou-se universo, e agora este corpo torna-se um pedaço de pão, uma “transubstanciação” que nos devolve ao universo todo.

 
 

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