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A modernidade e o dualismo

10 jan

Se a idade média viveu sob a égide do dualismo entre realistas e nominalistas, aaSerNoSer modernidade vai viver sobre o dualismo entre objetivismo e subjetivismo, em ambos os casos nunca se pôs em contradição o próprio dualismo, pois são herdeiros da antiguidade clássica onde: o ser é e o não ser não é, chamado princípio da não contradição, e seu complementar o terceiro excluído, isto é não há uma terceira hipótese, como um ser-não-sendo, por exemplo.
O curioso do dualismo é que em geral não se questiona que ambas as hipóteses podem ser rejeitadas, por exemplo, na modernidade, o real é o construído a partir do eu, ignorando-se o outro, enquanto o “idealismo considerará, preferencialmente, o conhecimento como uma atividade que vai do sujeito às coisas, como uma atividade elaboradora de conceitos, ao final de cuja elaboração surge a realidade das coisas” (Morente, 1980, p. 68), mas o “eu” sujeito permanece.
O penso do método cartesiano é o “eu penso” e assim não se considera suspender o “eu” e considerar o “outro”, como farão mais tarde Lévinas, Ricoeur, Buber e outros.
O eu cartesiano, mesmo como puro pensamento (res cogitans), não considera o “res” coisas como tendo uma realidade próprio de Ser, ou seja, a coisa em si mesma, que será mais tarde o questionamento de Husserl sobre considerar as coisas por elas mesmas, o fenômeno.
A crítica da razão pura de Kant, ele cria a categoria do ser cognoscente, ou seja, o conhecimento se dá na relação entre o ser cognoscente (já considera o ser mas como sujeito) e um objeto cognoscível, esta aparente conciliação se dá pela experiência, assim o idealismo é contestado sem a existência de uma relação com o mundo das coisas pela experiência.
Se para toda a física moderna espaço e tempo eram absolutos, Leibniz seria o primeiro a contestar dizendo que são relações das coisas em si mesmas, explorou assim a matéria e a própria física de maneira mais profunda que seus contemporâneos, chegando a fazem uma teoria completa da linguagem, chamando-a de characterística universalis, exatamente por isto é um monista e não um dualista, mas permanece sob suspeitas até hoje.
A verdadeira base sobre a qual se pode questionar o dualista reside na ruptura do princípio aristotélico-platônico-idealista, o ser é e o não-ser também é por que existe ao menos como forma de pensamento, um ser-não-sendo que pode trazer nova “clareira” para o mundo atual.
Filosofias afirmativas e dualistas transformaram a cólera e conflito como características permanentes da cultura contemporânea, mas podem ser questionadas se admitir-se o não-ser.
Adotar a diversidade cultural, religiosa e até mesmo ontológica da humanidade é uma possibilidade.

MORENTE, Manuel G. Fundamentos da filosofia: lições preliminares. 8 edição. São Paulo: Mestre Jou, 1980.

 

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