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As sociociberculturas e o paraíso perdido

22 fev

A ideia do paraíso perdido é nosso arquétipo adâmico, ao menos das religiões ocidentais, elas passaram a se relacionar com as religiões na relação dual da modernidade, proposta por Kant e consagrada e idolatra por AnSocioCibercultureHegel ao estabelecer sua ética “do Estado” nas discussões sobre família, sociedade civil e do próprio estado, sendo este visto como totalidade maior.
É nesta tensão que se encaixa o dualismo comunicacional de Niklas Luhmann, por exemplo, para quem a comunicação interna (na sociocibercultura a individual), que a regulamenta e restringe, ao mesmo tempo com a comunicação ao seu ambiente (a ambiental da sociocibercultura), está no texto de Luhmann “Soziale Systeme” (1984).
Ela está, de certa forma na imunologia de Sloterdijk, ao afirmar que sistemas imunológicos se “baseiam na distinção entre o próprio e o estranho”, mas rejeita qualquer ideia de estranho presente nas religiões, que para ele “não existem”, então o mistério da vida e da verdade já não são mais condições de “transcendência’, de possibilidade de paraíso.
É feliz ao relacionar o biológico ao organismo social e neste sentido o organismo biológico é identificado como aquele que processos de defesa da vida “se defende”, e também identifica os círculos concêntricos cada vez maiores como tendo dimensão cooperativa e convivencional.
Entretanto ao reconhecer o plano simbólico intergeracional, no qual a morte individual ocorre, apesar de estabilizar a imagem de mundo em novas gerações, não é capaz de ver a solidez e a verdade presente numa vida além da vida, numa natureza além da natureza, a sobrenatureza.
Neste plano que coloco a noosfera, há uma comunicação além dos símbolos presentes no dia-a-dia da vida, no plano espiritual e nela se perpetua a vida “eterna”, não apenas entre gerações, mas na realização em uma esfera “noosférica”.
As gerações egoístas incapazes de pensar na geração futura não destroem apenas a natureza, destroem as condições ambientais para que o futuro se realize na forma de vida plena, torna o pessimismo de sua vida pessoal “para a morte” (pela idade), numa falsa morte social.
O paraíso perdido é a incapacidade de dar felicidade e paz as gerações futuras, é repetir como fazer as esferas doentias da sociedade “tudo será pior”, e aqueles que nasceram numa sociedade já em crise, feita pelas gerações passadas, se sentem “culpadas” do mundo atual.
O paraíso perdido é a impossibilidade de futuro, verdadeira para a vida individual dos adultos que tendem a final da vida, mas falsa para o organismo social que deve manter sua estabilidade, não no sentido conservador, mas com mudanças para uma vida melhor.
O futuro será sempre melhor que qualquer passado, mesmo que na crise ele pareça distante.

 

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