A verdade que realmente liberta
É comum se instrumentalizar a verdade para favorecer nossa opinião, nossa “doxa”, um certo exagero ou um pequeno detalhe mentiroso, ou mesmo uma distorção dos fatos, isto nada tem a ver com a episteme ou com a busca sincera da verdade.
A verdade que liberta, portanto, jamais é instrumentalizada, ela é uma abertura ao outro, um escutar atento além de nossos pré-conceitos, nunca é unilateral, é capaz de penetrar no círculo hermenêutico, nas razões além de nossos egos e vaidades.
Assim a pós-verdade e a ignorância da “opinião” ou a doxa que contribui com ela e cria verdadeiras torcidas, de certa forma todas religiões fundamentalistas de uma forma ou outra, só pode ser superada com o diálogo a luz dos fatos, a aceitação mutua de pré-conceitos e a abertura para novos aspectos que surgem a partir da fusão de horizontes, eis o círculo hermenêutico que Heidegger e Gadamer procuraram explicar como método de chegar a verdade.
Ela é, portanto, ontológica, isto é nada tem a ver com a lógica formal, seja ela positivistas, neo-positivista ou puramente idealista, é uma lógica do Ser que admite o Outro, e sua visão de mundo e seus valores.
Estudiosos, exegetas e fundamentalistas pouco ou quase nada dizem do fato que Jesus nasceu, por isto o Natal é uma comemoração especial, e veio ontologicamente com seu Ser dar testemunho da verdade, pouco ou nada tem a verdade com a verdade lógica ou legalista de nossos dias, em João 18,37 ele afirma: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”, e diz isto contrariando os fariseus e Pilatos, os fundamentalistas e a Lei no sentido stricto.