Verdades e falácias sobre humildade
É pensamento corrente que a humildade seria um tipo de sabedoria revelada só aos humildes no sentido strictu da palavra, assim ela fica vinculada a uma falta de conhecimento, de instrução e, portanto, de verdade, isto não é humildade, mas apenas e tão somente ignorância.
Há ainda um tipo de pensamento medieval: “a atitude de abjeção voluntária diante da natureza miserável e pecaminosa do homem”, parece religiosa mas sequer é isto, o apostolo Paulo diz com maior clareza, segundo o mostra o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, ela é “a falta de espírito de competição e de vanglória”, que é presente em vários domínios, até no religioso.
André Comte-Sponville, em seu Dicionário filosófico ajuda a discernir: “não se deve confundir, portanto, humildade com o ódio a si (acrescento autopiedade), ainda menos com servilismo ou baixeza. O homem humilde não se crê inferior aos outros: ele deixou de se crer superior. Não ignora o que vale.. ou pode valer … “, assim muitos arrogantes criticam a falta se humildade, que eles próprios são portadores.
Por último quero acrescentar um argumento filosófico mais forte, o desacordo de Nietzsche com a filosofia socrática (tipo, só sei que nada sei), Nietzsche argumentava que a consideração socrática sobre a arte trágica (ele defendia a tragédia e criticava sua ocultação), nunca diz a verdade, já que ao construir um conjunto de valores conceituais sobre a vida, a empobrece e inferioriza.
Assim curiosamente o filósofo da “morte de Deus” afirma que a vida não pode ser avaliada pelos viventes, pois fazendo parte dela não podem julgá-la, sendo ilusão da realidade.
Quem quer saber um pouco sobre o pensamento de Nietzsche (isto é para iniciantes), veja o vídeo, do Professor Anderson, com a ressalva que nem todo cristianismo é maniqueísta (santo Agostinho não o era, só o foi quando ateu, sua conversão foi justamente abandonar o maniqueismo):
https://www.youtube.com/watch?time_continue=159&v=RVcastuX0c4&feature=emb_logo
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