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O Ser e a Verdade

10 jun

Em tempos de crises, fake News e pandemia, pouca verdade vem a tona, cada um e cada grupo quer interpretar a verdade segundo a sua narrativa, mas a verdade é o Ser, e sua morada está na linguagem, é preciso ter interioridade e Espírito de Verdade para habitá-la.

O jogo de palavras, a crueldade da guerra ou a manipulação política e até jurídica da verdade são instrumentos de esvaziar a verdade, também a pura subjetividade não é um exercício de fato espiritual, é como diz Sloterdijk parte de uma “sociedade de exercícios”, neste caso é desespiritualizado.

O círculo hermenêutico que propõe a fusão de horizontes e abertura de discursos e narrativas ortodoxas foi o caminho de Hans-Georg Gadamer para escrever sua obra magna “Verdade e Método”, nela o autor desenvolve a hermenêutica heideggeriana colocando-a diante do Ser.

A ausência de profundidade que desvele o Ser, a verdade mais alta e interior, faz derramar sobre as realidades as mentiras (fake-news é só um uso midiático delas), as narrativas que não dão conta da totalidade da verdade, os fanatismos, as guerras e as aberrações.

O homem fora de seu Ser é jogado no vazio sem sentido, não é o vazio da busca e da epoché, é o vazio da angustia e da ausência de caminhos sólidos, que nos conduzam a plena verdade.

Para os cristãos, a passagem bíblica João 16,12 é bastante forte: “Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e até coisas futuras vos anunciará”.

Assim este espírito é capaz de desvelar até mesmo o futuro, agora tão incerto e temeroso, e só ele pode de fato nos libertar de um presente tão pesado e sombrio para o humanismo.

GADAMER, H. G. Verdade e Método. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999.

 

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