As estruturas do mal
Se o mal é ausência do bem, é possível também que em nossas ações individuais por descuido, por intenção ou por maldade mesmo, desejando fazer o bem façamos o mal, como explicou Ricoeur no mal simbólico.
Depois que o mal se estrutura socialmente ele parece dar sentido aquilo que em consciência plena sabemos que não é moral ou socialmente correto, não se trata do politicamente correto aqui, mas aquela estrutura de sentido que se dá através da linguagem simbólica, um exemplo grosseiro, mas que serve aqui, os diversos tipos de preconceito que entram na sociedade.
Pode-se didaticamente dividi-lo em três tópicos, sendo o primeiro dentro da experiência humana, o segundo dentro de vários discursos onde o mal tem uma importância filosófica de aporia, isto entro de um pensar filosófico, e o terceiro como determinação da linguagem que pergunta se o mal existe em si mesmo ou ´uma realidade de denominação sobre coisas e ações em torno da existência.
É assim possível discuti-lo fora do sentido maniqueísta, não são polos que se opõe, mas sim estruturas simbólicas que penetram em nosso cotidiano como experiência, como aporia (dificuldade ou dúvida racional sobre sua existência objetiva) ou elemento simbólico da linguagem.
A simbólica do mal foi profundamente desenvolvida no livro de Paul Ricoeur, está ligada a transcendência humana que de alguma forma determinada a negação dos valores positivos da existência humana: defesa da vida, valorização da solidariedade, proteção dos mais fracos, etc. já a aporia é aquela que pela indefinição clara dela cair na indeterminação do bem.
A aporia não só nega o mal, nega a evolução humana (social, tecnológica, ecológica e moral), desconhece o imaginário, a transcendência e valores morais além dos aparentes, nega o Outro imaginando que assim estarei afirmando seu Ser, que na verdade não o compreende ou não está integrado, prevalecendo assim uma rigidez idealista sobre o que seria a transcendência.
Construir o nosso Ser interior, coloca-lo a serviço da sociedade em todos sentidos, em solidariedade com todos os outros não é só um bem, é condição de evolução civilizatória (por exemplo, cidades ecológicas, imagem).
A civilização evolui não apenas porque constrói novas estruturas, tecnologias e valores humanos, mas porque em algum momento deste processo ele passa por imaginação, transcendência e olhar ao Outro e ao redor.