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A questão do espírito em Hegel

10 jul

Byung-Chul Han critica a Fenomenologia do Espírito de Hegel vista “em termos do esquecimento do ser” (tema central de Heidegger) como um “eu árido” que encontra “sua limitação ao ente que lhe sai ao encontro” (Han, 2023, p. 334), assim não é a resistência do espírito.

Recupera Hegel em parte, na epígrafe do último capítulo “a verdade é o todo”, rediscute a dialética e sua metafísica no idealismo “em relação ao “apenas ser” que o esvazia até um nome “que não nomeia mais nada”, a consciência natural … quando se dá conta do ser, assegura que ele é algo abstrato” (Han, 2023, p. 336).

Esta consciência natural (idealista) “se demora em “perversidades” … “ela tenta eliminar uma perversidade organizando outra, sem se lembra que a autêntica inversão” [ocorre quando] “a verdade da essência se recolhe ao ente” (Han, 2023, p. 336, citando Heidegger).

Em contraste com a dialética de Hegel, este tópico daria um livro, trava um diálogo com Derrida e Adorno na questão sobre o luto e o trabalho do luto, matar a morte, não é apenas algo secreto no coração de Platão ou Hegel (pg. 384), mas também reverter o negativo do Ser.

Este trabalho da “tragédia” se distingue do “trabalho do luto” da dialética (Han, 2023, p. 385), é aquilo que Han chama em outros trabalhos do excesso de positividade, não entender a dor (na sociedade paliativa por exemplo, analisando a pandemia e a própria dor).

“As lágrimas liberam o sujeito de sua interioridade narcísica … elas que o “feitiço que o sujeito lança sobre a natureza” (Han, 2023, p. 394), citando Adorno a “Teoria Estética” é o livro das lágrimas e que ao contrário de Kant “o espírito percebe frente a natureza, menos sua própria superioridade do que sua própria naturalidade” (Han, 2023, p. 395).

O absoluto de Hegel é abstrato: “o Absoluto só é absoluto na medida que se sabe como Absoluto, isto é, como autoconsciência” (Hegel no §565 da Fenomenologia do Espírito).

Para a ascese verdadeira ela está além da natureza humana, aquilo leva a uma ascensão, uma nova interioridade que se expresse numa exterioridade mais humana, não a autoconsciência humana (pensada até na religião) e sim aquela que admite a singularidade humana no uno divino e este sim Absoluto.

Han, B-C. Coração de Heidegger: sobre o conceito de tonalidade afetiva em Martin Heidegger. Trad. Rafael Rodrigues Garcia, Milton Camargo Mota. RJ: Petrópolis, Vozes, 2023.

 

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