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Rafael e o Mundo
Manuel Alegre é um poeta português contemporâneo, quando foi militar na então colônia de Angola participou da primeira rebelião que tentava libertar Angola do jugo do seu país (foi preso pela PIDE, polícia de Salazar), depois se exilou, ganhou diversos prêmios entre eles o Prémio Camões em 2017, entre outros, escreveu “Jornada da África”, em 1989, “Alma” em 1995 e “A terceira Rosa” em 1998, porém seu livro que referenciamos aqui é “Rafael”(foto ref. a capa).
O seu período do exilio após sua prisão viveu em Argel, razão pela qual vai se referir no romance Rafael como alguém que viveu sobre diversos pseudônimos, as vezes se sente espanhol, português ou argelino, porém o sentimento mais profundo de Manuel Alegre é de um cidadão do Mundo, sem nome e em busca de referências.
No Livro Rafael anda de casa em casa, de hotel em hotel, modifica o nome, deixa crescer o bigode, usa óculos sem lentes, usa um passaporte em hotéis onde esconde sua cidadania e outro para viajar, em cada novo documento um nome e uma profissão diferente, é clandestino dentro de si mesmo, perdeu as referências e a própria identidade pessoal, ele já é e não é, não usa o nome próprio, tem quatro ou cinco pseudônimos que prefere, ora é francês, espanhol ou argelino, ele é sozinho, não no sentido próprio, como uma literatura solitária pode desejar, mas membro de uma brigada internacional, sente-se solidário a ela.
Ser e não ser já foi escrito por William Shakespeare, porém em Manuel Alegre adquire um sentido contemporâneo, o cidadão do mundo solidário a todos os povos, faço aqui uma incursão mística, que não está no seu livro e que julgo importante, não-ser é também parte do Ser quando somos solidários a outros povos, costumes e culturas, e no meu caso sem perder a própria, também o nome do arcanjo Rafael é para mim significativo, na origem hebraica El é Deus e Rafa é cura, assim Rafael tem o significado Deus cura, aqui no sentido de um mundo doente social e culturalmente, por não reconhecer outros valores e outras culturas.
Conheço 23 países, 4 da américa latina, 19 da europa, de modo especial Espanho e Itália pela minha descendência, e Portugal onde vi mais claramente toda influência no Brasil, porém ainda me sinto brasileiro e o hoje dia de estreia da seleção nacional em Copa do Mundo estarei com vizinhos e amigos torcendo pela seleção nacional, sem que isto signifique ódio ou desprezo por outros povos e culturas.
ALEGRE, Manuel. Rafael. Lisboa: Dom Quixote, 2003.
Os cristãos e as crises sociais
Os valores cristãos que são universais são aqueles que promovem a fraternidade entre os homens e para isto lançam mão de suas virtudes chamadas teologais: fé, esperança e caridade, enter elas é a caridade que tem maior precedencia.
Sem a caridade um aspecto essencial daqueles que professam fé religiosa no advento de Jesus, festa que se inicia na próxima semana, cujo ápice é o Natal, sem esta caridade nem o maior altruismo ou a maior virtude pode alcançar a verdadeira fé cristã.
Em tempos de crise os homens não perdem apenas a fraternidade, ao lutar pela própria sobrevivência e visão de mundo, perdem também a esperança e com isto cresce não só o ódio, como a intolerância, o medo e a divisão entre povos e nações.
Assim é verdadeiramente heróico continuar a promover a caridade e a fé, e em diversos momentos da história foi preciso ir até mesmo ao martírio para mantê-los como valores, não é só a incompreensão dos valores cristãos, mas de todos valores humanos que entram em jogo quando o ódio e a divisão prosperam de diversas formas.
Tempos perigosos como lembramos no post anterior podem ser particularmente difíceis.
Quando também os cristãos são atacados é aí que sua verdadeira fé e valores são testados, diz uma passagem do evangelho de Lucas (Lc 12,13): “Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos, sereis entregues às sinagogas [falsos templos] e postos na prisão, sereis levados diante de reais e governadores por causa do meu nome . Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”, mas o evangelho promete a proteção divina.
Assim não estamos imunes as dificuldades e divisões humanas, porém buscamos a unidade.
Tempos bicudos e más profecias
É um fato que grandes mudanças e talvez até revoluções estão em curso neste momento da história da humanidade, porém a interpretação e falsos profetas é terrena e não divina, uma vez que olham somente para fatos terrenos, há algo divino também em curso?
Para os que creem sempre há, porém o que se especula em falsas profecias é o fim do mundo ou a nova vinda de Jesus (Parusia), diz o apocalipse através de Jesus quando pergunta quando será este tempo final (Ap 2,8-9): Jesus respondeu: “Cuidando para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”.
Mais claro impossível, mas também há algo divino no ar, a desestruturação civil levou junto valores éticos e morais, mesmo a justiça mais rigorosa parece escorregar pelo autoritarismo e a arrogância tendenciosa, os religiosos também parecem confusos, os políticos piores ainda, a radicalização pura confunde-se com propostas e valores autênticos de mudança sociai e apreço aos mais desfavorecidos socialmente.
Assim tanto há um quadro de crise civilizatória: desajustes de mercados, grandes potências em conflitos econômicos, sociais e em guerra ou próximos dela, ausência de líder estudo é e organismos internacionais que tenham confiança e credibilidade, tudo é tendencioso e polarizado ao extremo.
No campo religioso vai ficando claro tendências mais espirituais e outras meramente políticas e terrenas, no mundo islâmico muita tensão e luta por direitos civis, o Irã há uma luta forte pelo direito das mulheres, há também tensões no mundo oriental, além da crise da China e da Coreia do Norte, os valores ancestrais e cultuais do oriente também estão em cheque, embora o discurso oficial negue isto, os jovens já questionam.
No Brasil a polarização política chega ao extremo, as eleições são questionadas e antes de tomar posse já há problemas no novo governo do PT que deverá se iniciar em janeiro, novos bloqueios em estradas e uma nova onda da Covid 19 volta a preocupar, a perspectiva de um entendimento na transição entre politicas radicalmente opostas é difícil não só no poder executivo, mas também no legislativo e jurídico.
Aos que creem Deus age sempre no extraordinário, ou seja, aquilo que os homens e os valores terrenos não alcançam, assim algo pode ser esperado no plano divino, mas sempre é totalmente diferente do racional humano, é imprevisível e completamente desconcertante para os homens, quem imaginaria Jesus ser criado em um vilarejo chamado Nazaré, hoje tem 72 mil habitantes, no tempo de Jesus menos de 10 mil.
Aos que creem sempre há um raio de esperança, sempre há uma luz divina alimentando e clareando a realidade humana.
O zelo da casa me consome
Qualquer pai, patrão ou administrador zeloso deve cuidar de sua “casa”, também podemos pensar em todo o planeta como nossa casa comum, assim não só a economia, as culturas como também o meio ambiente.
Deveria nos consumir a todos este zelo, cuidar apenas dos interesses pessoais não é apenas um egoísmo, é também uma forma de ignorância, porque os interesses pessoais dependem dos comuns, o que fazemos se faltar chuvas e com isto faltar água, o que fazemos se o meio ambiente não ajudar as plantações e o custo dos alimentos num meio ambiente deteriorado, tudo é interesse comum influenciando o particular.
Não é verdade que apenas alguns tenham responsabilidade e outros não, assim conferências como a COP27 que se realiza no Egito deve ser de interesse de todos, porém aqui queremos lembrar de um corpo místico a que se refere o capítulo 2 do Evangelho de João, onde se lê (Jo 2,17): “seus discípulos lembraram-se que está escrito: “O zelo pela tua casa me consumirá” referindo-se a atitude de Jesus ao ver que a religião de seu tempo se tornou um comércio (parecido aos dias de hoje) e do Salmo 69, onde o versículo 10 lembra esta passagem.
O capítulo 2 de João, lembra as bodas de caná, um evento sobrenatural e a fúria de Jesus ao ver a corrupção em torno dos templos, um evento natural, assim o zelo é sobrenatural e humano ao mesmo tempo.
Mais grave que isto o problema da guerra, lembramos no post anterior a passagem em que Jesus chora ao entrar em Jerusalém e ver o quão distante ela está de um encontro de povos e nações e profetiza que ela seria totalmente dividida e em permanente guerra, vejam a precisão desta visão 2 mil anos atrás.
Porém a profecia para nossos dias está nos livros do Apocalipse, embora isto seja sinônimo de catástrofes e final do mundo, as passagens referem-se tanto aos tempos passados quanto futuros, a morte de Jesus e sua ressurreição é um evento apocalíptico porque a grande paixão pascal atualizou a passagem do povo judeu da escravidão do Egito para a Terra Prometida, e antecipa a passagem da humanidade para um vida futura plena e frutuosa, tudo isto antes do final dos tempos, que não sabemos quando virá.
No evento Pascal ao ver Jesus na cruz sofrendo e assistindo sua impotência ironizavam dizendo “não é o Cristo, salva-te a ti mesmo” (Lc 23,39), pode parecer inexplicável a permissão divina de tão atroz sofrimento, no entanto, isto é o significado da “passagem” de um estado para outro, em qualquer evento natural ou sobrenatural, isto ocorre a partir de uma “ruptura” de uma mudança de contexto e algum evento forte e de aparência catastrófica acontece, então os tempos atuais são angustiantes, mas também cheios de esperança.
Embora sejam tempos conturbados, Deus não é indiferente a história, e certamente esta “passagem” terá também sua presença e interferência.
A crise civilizatória e a paz
O míssil na Polonia e o atentado de Istambul podem não ter relação nenhuma, mas se tiverem é a eclosão de uma crise que pode levar a terceira guerra mundial, isto porque na Turquia uma mulher do PKK, o partido Comunista Curso foi acusado de planejar o atentado recente enquanto o míssil que caiu na Polonia, que é um país membro da OTAN pode ter saído de alguma base russa.
O processo de polarização mundial já está em processo visível desde a eleição de Trump nos Estados Unidos, em 2017, a ideia da America voltar a ser grande, encontrou resposta da atual concorrente China e mais recentemente da Rússia que volta a sonhar com a grande pátria soviética.
Postamos diversas vezes sobre o perigo do inverno, porque ele é estratégico para a guerra, os países da Otan e a Ucrânia que deve resistir a escassez e ao preço alto do petróleo e do gás, e a Russia que desestabilizou as usinas e fontes energéticas na Ucrânia para fragiliza-la durante o inverno, o que atinge também a Europa.
O desejo da paz permanece entre os homens de boa vontade, os religiosos de verdadeira fé, que não exclui religiões orientais e muçulmanas, porém o quadro é cada vez mais preocupante e a guerra não precisa só de armas, precisa principalmente de lenha na fogueira da atual polarização que esconde os verdadeiros interesses econômicos que financiam até mesmo reuniões bem intencionadas no planeta, porém com o desejo oculto de dividir para reinar, há grandes interesses econômicos e de mercado em jogo.
Assim a paz deve partir de uma atitude cotidiana, de esperança, de tolerância e de fraternidade, que em clima de guerra torna-se cada vez maior, mais declarado e envolvendo um número maior de pessoas.
Os frutos de uma guerra e da polarização para a população mais frágil é evidente e não há dúvida, cairá sobre os mais pobres e mais vulneráveis o preço mais alto de atitudes beligerantes.
A arrogância, a intolerância e a avidez pelo poder dos mais gananciosos ultrapassam os limites da civilidade e desafiam até mesmo sinceros pacifistas, querem tornar o conflito inevitável e daí tirar proveito.
O simbolismo bíblico da divisão humana está descrito na divisão política de Jerusalém (mapa).
A passagem bíblica onde Jesus dizia sobre seu desejo de paz em Jerusalém, simbólica até hoje por concentrar grandes conflitos, é significativa também para os dias de hoje (Lc 19,42-44):
“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque tu não reconheceste o tempo em que foste visitada”.
Não há religião em desejos beligerantes, eles não são dignos e nem se confunde com a fé e a esperança verdadeira.
A árvore boa dá fruto bom
A ideia que é preciso desorganizar para obter uma nova ordem, não é revolucionário nem democrática é reflexo de má doutrina e más teorias, é preciso manter-se um caminho sereno e tranquilo para que se produzam frutos de uma sociedade saudável e equilibrada.
Estamos longe disto, porém a ruptura pode significar um mal ainda maior e sabemos que não se trata de valores apenas nacionais, mas internacionais, dá-se nomes diversos para isto: o grande reset, uma nova ordem mundial, crise do capitalismo ou do socialismo (ambos tem problemas) e no fundo é um processo de crise civilizatória.
Que crise é esta, aquela que diversos teóricos e políticos apontaram no passado, fruto das teorias totalitárias e perversas de poder, da fragmentação do conhecimento que não vê o homem como um todo, mas em aspectos específicos e [e claro de mentes poucos saudáveis que conduzem a sociedade para caminhos tortuosos.
Duas guerras, regimes totalitários (não esquecer as ditaduras de Franco na Espanha, De Gaule na França, Mussolini e Salazar), revoluções socialistas, crises do capital, sacrifícios das colônias africanas e radicalismo islâmico no mundo árabe.
O cenário pode preparar o maior dos engodos se não atentarmos para os frutos daqueles lideres que mesmo propondo a paz, a harmonia social e a defesa do meio ambiente preparam interesses escusos e inconfessáveis nos bastidores.
A parábola bíblica dos empregados que são deixados valores para administrar os bens do dono que viaja para longe serve para identificar os verdadeiros bons administradores através de seus frutos, diz a passagem depois do dono elogiar os bons administradores que deram bons frutos para da administração, diz ao que não fez nada com o que lhe foi dado para administrar (Lc 19,22-23):
“ ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. Então, por que tu não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros”, não é difícil identificar estes maus administradores.
Claro a passagem bíblica fala da vida espiritual, mas a lição dos bens materiais não deixa de ser importante, maus administradores levam ao empobrecimento e a perda dos ganhos sociais.
Apostasias, heresias e o futuro
Sempre que um poder terreno está em xeque é comum reivindicar um poder divino que estaria acima do humano para justificar atitudes heréticas ou apostatas.
As crenças humanas também não estão fora desta análise, acreditar que há formulas mágicas para resolver problemas históricos e culturais de um povo é uma forma de heresia, pois os estudos sociais e econômicos não se esgotam em torno deste tema, há sempre uma dose de empirismo.
Brinca-se até entre economistas, que a economia não é uma ciência exata, mas totalmente empírica é uma aventura que pode levar a grandes equívocos, não por acaso Karl Marx estudou Adam Smith e David Ricardo, os maiores economistas do seu tempo e que eram conservadores e assim o que não se submete a estudos não passam de crenças e heresias sociais e humanas.
A apostasia vai para o campo empírico das religiões, onde há dogmas e doutrinas pré-estabelecidas e com intuito de moderniza-las criam-se falsas religiões e que quase sempre, há casos raros, caem em valores sociais e humanos que nada ou pouco tem relação com a fé.
Apontamos em posts desta semana três apostasias, o poder humano que se confunde com o de Deus, os valores financeiros que se confundem com os valores aquela que quer domesticar Deus em um locus específico, um templo ou lugar, sem considerar sua presença entre os homens, em especial, aqueles que não estão em apostasias nem em heresias.
Há uma última relacionada ao poder, comum em nosso tempo que é das profecias, que é um tipo de apostasias, Jesus quando questionado afirmou: “Não sabeis a hora nem o dia” (Mt 24,36), e mais ainda num trecho logo a frente a parábola que diz que que se o dono da casa sobesse que horas viria o ladrão se prepararia (Mt 24:43-44).
É fato existem muitos falsos profetas, a sua grande maioria, e existem revelações raras e de fato autenticas porém só saberemos numa hora “inesperada”, também no tempo de Jesus muitos se diziam o profeta, e João Batista que é o último e maior dos profetas, dizia que não era ele.
São tempos sombrios e de grandes mudanças, oportunistas não faltam, mas há uma fé e uma esperança verdadeira naqueles que estão no verdadeiro “locus” a presença do Amor entre nós.
Em tempos de grandes mudanças tudo isto é comum, e sempre há uma revelação divina clara.
Religiões e negócios
Uma sociedade incorpora valores em sua forma de organização, assim uma sociedade baseada no mercado pode imaginar que tudo é mercado, inclusive a religião e a política, mas não é.
A política deve cuidar do bem comum e a religião deve ressaltar os aspectos espirituais, não significa que os humanos não existam, mas transforma-la num comércio é mudar sua essência.
Não se trata de nenhuma religião ou crença específica, todas aquelas que se comercializam acabam confundindo seus verdadeiros valores com aqueles que a sociedade moderna incorporou, o negócio, a venda e a troca, enfim valores que não são aqueles que de fato fazem uma ascese.
Todas as religiões estão sujeitas a isto, todos podem se transformar em negócio, porém não há nada de divino nisto, sua essência é apenas o negócio e as formas para justifica-lo.
O cristianismo não é diferente, não havia sinais de riqueza em Jesus, também é verdade que não viveu uma vida austera, como foi por exemplo a de João Batista, seu precursor, diziam até que ele era comilão e beberrão, gostava de boa mesa e deixou seu memorial numa mesa (eucaristia).
Uma passagem bíblica lembra que Jesus se revoltou ao ver o comércio em um templo (2Cor 6,16) e fez um chicote de cordas para expulsar “junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas”, não por acaso são estes que se agarram ao poder terreno.
O melhor exemplo de discípulo de Jesus e que é venerado em muitas religiões foi Francisco de Assis, filho de um milionário de tecidos, decide por uma vida humilde e cheia de sacrifícios, e ainda Francisco era amante da natureza e também é lembrado por isto.
Uma canção deste grande personagem do cristianismo diz ainda que ele era homem de paz, e na canção há um trecho que diz: “onde houver ódio que eu leve o amor”, o mundo precisa de Amor.
Nos aproximamos do final de ano, estranho porque é um ano de Copa do Mundo para os que gostam de futebol, mas também das festas de final de ano, que reencontremos Amor e Paz.
Teocídio II: o que é cristianismo
Um levante contra forças cristãs mais conservadoras faz parte desde o início da Modernidade, não pela reforma que foi uma disputa entre concepções cristãs de aliarem-se ao poder e aos valores terrenos e o esquecimento da palavra.
Teocídio é a ideia que matamos Deus, e não que Deus morreu, e levante é essa tentativa inútil.
O primeiro grande levante foi considerar as coisas divinas entre as humanas, e entre elas o poder, já no tempo bíblico do antigo testamento os homens queriam ter reis (como os outros povos diziam) e não juízes que eram os responsáveis pelas comunidades hebraicas, e Deus
No início do novo testamento, cuja palavra máxima é “Eu vou dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros” (Jo 13,34), é anunciada a boa nova a todos povos, e todos povos são chamados a ela.
Na modernidade, no campo do liberalismo, a doutrina cristã também foi minada muitos foram os movimentos anticlericais, hoje são lembrados os “iluminati”, que nada mais é que o iluminismo em face aos cristianismos “supersticiosos”, a ideia de criar uma religião racional e terrena, que aos poucos tomou conta da civilização ocidental.
Os valores cristãos assim ficaram mais ligados ao conservadorismo, a concepção de moralidade, família e nacionalidade que sobreviviam aos valores cristãos sufocados pelo racionalismo e pela concepção de “contrato social” do estado: John Locke, Adam Smith e Robespierre representam a doutrina da modernidade em campos distintos.
O levante atual consiste em destruir isto que restou, um resto de conservadorismo que resistiu ao ataque aos valores cristãos originais: o amor, a solidariedade e a paz, também é parte do levante os que se aliam de modo oportunista a determinadas formas de poder.
O que resulta disto é uma casa de pernas pro ar, porém ela é também parte de uma arrumação da casa, os apocalípticos veem apenas o “final dos tempos”, porém a verdadeira fé cristã vê em tudo a ação de Deus e o seu poder, desconhecido pela humanidade e parte do cristianismo, o seu poder acima dos percalços humanos e terrestres, os valores e poderes humanos são temporais e não eternos.
Os levantes, que são ações no campo espiritual dos valores, sacodem a humanidade, porém também ele está submisso a vontade divina, no final ela prevalece.
Felicidade e valores
O humanismo na modernidade baseou-se na separação entre o sujeito e os objetos, assim toda subjetividade humana (nela se incluem os valores como humildade, compaixão e tolerância, entre outros) fica relegada a um plano sentimental e a objetividade refere-se apenas ao que é material.
Postamos sobre a humildade, o humus de onde brota a vida, a tolerância ao erro de onde brota o perdão e a mudança de rota e de onde brota a vivência de cada momento coo se fosse o último.
A felicidade não depende só de cosias materiais e não só os psicólogos que dizem isto, também os médicos e alguns sociólogos defendem a alegria de viver, neles há sabedoria real da vida, coisas aparentemente contraditórias como felicidade dos humildes, dos que sofrem, dos que tem fome e sede de justiça e daqueles que são perseguidos por suas crenças e valores.
No texto bíblico, explicando que religião é uma prática de valores que “religa” céu e terra, assim não é da terra para o céu (uma sublimação de valores) nem do céu para a terra (como querem os espiritualistas), mas dos que conhecem e vivem os ensinamentos religiosos, o maior deles, o Amor.
Assim diz o trecho bíblico das chamadas “bem-aventuranças” (Mt 5,4-6): felizes os “aflitos, porque serão consolados, … os mansos, porque possuirão a terra.d os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” entre outros valores como: felizes os que são perseguidos os que desejam a paz porque serão chamados filhos de Deus.
Não há contradição entre céu e terra, ela existe entre os que estão apegados só ao céu (tudo fica no plano subjetivo) ou só a terra (tudo fica no plano da materialidade), e o complemento dos dois depende de amor, mas também de esperança e fé.
O Anuncio da ultima felicidade é de fato uma bem aventurança, porque poucos realmente tem fé, diz o trecho (Mt 5,11-12) “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim, alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.