Arquivo para janeiro 27th, 2014
O idealismo e a metafísica da razão
Kant havia dividido a metafísica em uma metafísica especulativa ou da natureza e uma metafísica prática ou moral (p. 22, do livro Introdução à Ontologia de Mafalda F. Blanc).
A primeira é fundamental para entendermos a ciência hoje, já que ela estabeleceu os conceitos da razão pura que concernem o conhecimento teórico das coisas, mas como é próprio da razão dividiu-a “numa analítica do entendimento, adstrita ao plano formal do objeto em geral, e numa filosofia da razão pura, referida ao conteúdo dos objetos dados numa intuição sensível.” (pag. 23)
Estava completo o edifício kantiano que fecha o “espírito humano” condicionando-o “á indagação das condições transcendentes dos objetos da experiência”, e tornando a “coisa e si” (Ding as sich) distintos dos fenômenos, e inviabilizando a metafísica (BLANC, pag. 23).
O Idealismo Alemão tentará retomar a metafísica, mas a partir de uma posição idealista, ou seja começa por eliminar o próprio conceito de “noumeno”, e caminhava para a “praticidade, o caráter de fundamento instaurador do próprio ser” (BLANC, P. 23).
Assim, no idealismo ético e subjetivo de Fichte, “o dever-ser como fim moral é o princípio dominante de toda a vida da consciência, o motor do seu dinamismo criador, de que resulta como produto inconsciente a própria natureza” (pag. 24), e grande parte da filosofia da natureza contemporânea quando fala da natureza, está falando de idealismo.
Schelling irá recusar esta “redução idealista da natureza” (pag. 24) e colocará no “campo da ação recíproca entre o objeto e o sujeito, a natureza e o espírito” (pag. 24) mas cria uma nova hermenêutica estabelecendo que o verdadeiro em-si, “a totalidade da razão e do ser, desdobra no devir fenomênico do mundo para ascender ao seu autoconhecimento, atualizando a essência como consciência ou ser-para-si“ (pag. 24) e Hegel guardará grandes semelhanças com estas concepções de consciência, é o seu ápice e Marx tinha razão, mas também o início do declínio.
Voltando ao ponto importante para o conhecimento, “o elemento dominante, dinâmico e formador do processo é o conceito, que representa a unidade, ideal e subjetiva, do universal” e assim “o conceito efetivou a sua essência, tornou-se a universalidade concreta e plenamente determinada da Idea, realizou-se como Absoluto e verdadeira individualidade (Einzelheit)” (pag. 24).
Foi isto que nos levou, e leva grande parte do conhecimento, ao “exagero especulativo”.