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Arquivo para janeiro 21st, 2014

A pátria-mundo e o ser-no-mundo

21 jan

Credita-se aos objetos, e também a tecnologia, a ideia que seriaNovoMundo a exterioridade que de fato impossibilitaria o homem de fazer este desenvolvimento ético, moral e assim encontrar seu ser, mas esta oposição entre ser interior e ser exterior não é verdadeira se não entendermos o que é o ser, conforme afirma Mafalda de Faria Blanc, “deixando-se ocultar e preterir pela instância das coisas em torno e a urgência da ação” (pag. 11, do livro Introdução à Ontologia, Instituto Piaget, Portugal, 2011).

Citando o filósofo Gabriel Marcel, a autora afirma “imerso na densidade do ´mistério ontológico´ … vive o homem geralmente dele alheado, preferindo, ao confronto com o enigma da existência, o refúgio junto ao que de imediato se apresenta, buscando aí um ilusório conforto contra a constitutiva insegurança de viver” (pag. 11) e portanto isto não se refere a tecnologia ou a qualquer objeto específico do mundo contemporâneo, mas a tudo.

Então o que incomoda o homem contemporâneo? responde a autora que há algumas situações “incontornáveis” que pela “via imediata do sentimento” ou outra experiência súbita “se abre e des-cobre isso que é e ” (pag. 11, grifos da autora) e no espanto, na dúvida, a admiração ou a angústia “revelando-nos já sendo no meio dos outros entes” (pag. 11).

Quer dizer nas palavras de Heidegger, o grande mestre da ontologia contemporânea, há um esquecimento do ser pelo ente, entendendo este de dois modo, como explica a autora: “no primeiro caso, significa direta e formalmente a essência, ou seja, a entidade (ousía), princípio da atividade e de inteligibilidade da coisa, conforme refere a ´natureza´ ou a ´quididade’, que é o objeto de definição” (pag. 13), ou seja, o ser como coisa ou ‘enti’-dade.

Significa que somos lançados a “ação”, onde “parte-se da essência e do seu dinamismo expressivo de possibilitação para procurar explicar a emergência da existência” (pag. 13).

Tudo muito complicado ? pense quantas vezes questionou a própria existência, e quantas vezes dentro da própria essência do seu ser conseguiu encontrar paz e felicidade, não dentro de situações de lazer, prazer e outras coisas imediatas, mas “dentro de seu ser”, nós trocamos sentimentos imediatos por serenidade, que aliás vem da palavra “ser”.

A pátria-mundo requer um “homem-mundo”, um ser mais pleno e sereno capaz de compartilhar o planeta com os outros seres.  Este processo ainda que confuso está a caminho.