Metafísica, tecnologias e ética
A metafísica contemporânea em suas diversas leituras, mas especialmente de Husserl, Heidegger e Lévinas, apontam para uma exterioridade absoluta e não relativa e esvazia o discurso sobre a transcendência, numa palavra: há mediações nas relações.
O discurso sobre o outro, e alteridade (que é diferente) por sua vez remetem ao dialogismo, mas há um dialogismo falsificador, pois não há mediações, é uma ontologia sem o Ser, sem a ideia de infinito e postula uma saída evasiva da Ontologia, conforme afirma Lévinas.
Dessa forma, a reflexão se vê deslocada do eixo da tradição da
filosofia ocidental, cujas formulações sempre retornaram a um mesmo ponto de partida, a saber: o ego idêntico a si mesmo (o grupo, o sistema seja qual for), que é identificador e objetivador, como via Descartes (HUSSERL, 2001).
Foi este “deslocamento” que permitiu o acesso ao rosto do outro, que se contrai no mistério do desejo metafísico e do desejo do infinito (LÉVINAS, 2000).
Neste novo contexto metafísico a ética se configura como o pórtico que conduz para a exterioridade, como abertura orientada ao outro, rompendo com a identidade e resguardando-se do sujeito objetivador (LÉVINAS, 2000).
A relação com a exterioridade é a nova subjetividade ontológica e se instaura como movimento novo que conduz ao infinito e ao bem.
LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito. Lisboa: Edições 70, 2000.
HUSSERL, Edmund. Meditações cartesianas. Introdução à Fenomenologia. São Paulo: Madras, 2001.