A Ontoética ideal e a atual
O idealismo alemão, do qual Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) foi um dos criadores na época chamado do movimento filosófico, é também uma ponte entre o pensamento de Kant e o idealismo “puro” de Hegel, de onde se origina todo idealismo ainda presente na atualidade.
Uma das teses de Fichte era a necessidade de uma ontoética, mas tanto ontologia quanto a ética de seu tempo já estavam contaminadas pela raiz idealista kantiana, qual seja, a de separar a subjetividade e a objetividade em campos opostos.
Por ter se interessado pelo problema da consciência, cria o conceito de autoconsciência, por onde envereda pelo caminho do subjetivismo, criando uma ontoética mais ligada a morte e ao indivíduo abstrato do idealismo, do que uma ontoética realista.
Consciência no século XVIII é uma qualidade da mente, abrangendo qualificações como: subjetividade, autoconsciência, senciência e sapiência, criando a relação entre si e um ambiente, onde senciência é a capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade.
Uma ontoética atual deve referenciar-se a alteridade, ao Outro como querem Lévinas e Paul Ricoeur, significando suas relações sociais objetivas e sua subjetividade ao mesmo tempo, remetendo, portanto, ao Ser, e não apenas a suas entidades ou qualidades.
Já escrevemos sobre a relação entre a ontoética e a paz, mas não aquela da autoconsciência de Fichte e os idealistas, esta é a consciência do Outro, dita por Emmanuel Lévinas na sua obra Totalidade e infinito da seguinte forma: “na relação interpessoal, não se trata de pensar conjuntamente o Eu e o Outro, mas de estar diante. A verdadeira união ou junção não é uma função de síntese, mas uma junção de frente a frente” (Levinas, 2000, p.69).
O ícone do padre jesuíta Marko Rupnik I, representa o olho em comum do divino-homano.
LEVINAS, E. Totalidade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2000.