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E agora estado forte com governos conservadores ?

06 mar

A discussão foi feita sem referência história, e sem consciência pois a história nãoTrumpMarieLePenPutin se repete, mas é bom olhar os trabalhos sobre a renascença e as dificuldades de se estabelecerem governos “fortes” e “centralizados” procurando dar estabilidade política, escreveu Norbert Elias um estudioso de Maquiavel, que é do período da renascença:
“A sociedade estava em “transição”. O mesmo acontecia com as maneiras. Até mesmo no tom, na maneira de ver, sentimos que, a despeito de todo seu apego à Idade Média, alguma coisa nova estava a caminho. A “simplicidade” como a experimentamos, a oposição simples entre “bom” e “mau” e entre “compassivo” e “cruel” haviam se perdido. As pessoas encarnavam as coisas com mais diferenciação, isto é, com um controle mais forte de suas emoções (ELIAS, 1994, p. 83-84).

No final da Idade Média (por volta do século XV), as mudanças de ordem econômica começam a surgir, as estruturais: revolução industrial, liberalismo e republicanismo, etc. ainda estavam em gestação, mas a base econômica já começa a dar sinais de mudança.

A economia monetária, atrelada ao reaparecimento do dinheiro, que quase desapareceu durante o período de forte do feudalismo (Alta Idade Média), e o mercantilismo, época das grandes navegações e novos comércios, mudavam os ventos  dessa época.

É nesse contexto que o Estado Feudal dá lugar às monarquias centralizadas, e o chamado Soberano por Hobbes ou O príncipe, por Maquiavel, vão fazer que as transformações na ideia de estado se fortalecem ao longo da Idade Moderna.

Tratar de tal assunto, sem uma análise ainda breve do modelo de Estado Feudal, o qual sofreu profundas transformações no período denominado Baixa Idade Média (séculos XI a XV), é neste contexto que apocalípticos que defendem o Estado Moderno atual, desconhecem o processo de mudança que estamos e defendem o Estado fortalecendo governo “fortes”.

Não contavam com a subida ao poder, ao menos seu anúncio em países tradicionalmente abertos como a Holanda, a França e até mesmo a Alemanha, além dos já “consolidados” os governos Trump e Putin, em duas nações muito fortalecidas.

Se isto era válido no tempo das “Riquezas das nações”, tempo de Adam Smith, hoje é uma defesa ultrapassada e a-histórica esta defesa de estados fortes e não colabora com uma visão de um mundo mais tolerante, fraterno e que respeite as diferenças culturais.

Escreveu Adam Smith nesta época, o próprio Marx o estudou: “Nesses tempos conturbados, todo grande proprietário era uma espécie de príncipe em ponto pequeno. Os seus arrendatários eram seus súditos. Ele era o Juiz e, em chefe, em tempos de guerra. Fazia guerra ao seu bel-prazer, e, frequentemente, contra seus vizinhos, e, às vezes, contra o seu soberano.” (SMITH, 1999, p. 660).

Hoje não faz sentido, mas os baumanianos e outros defensores do “sólido” ficam de boca aberta ao ver governo “fortes” nacionais virem à tona, era o que defendiam ? Aposto que não, mas governo “forte” é governo autoritário, ao contrário do que o mundo pede, ao menos uma parte consciente da sociedade.

SMITH, ADAM. TEORIA DOS SENTIMENTOS MORAIS. Martins Fontes, 1999.

ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador, 2 vols. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994

 

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