Unidade, complexidade e simplicidade
Aparentemente irreconciliáveis, há quem diga que o paradigma do mundo contemporâneo, a complexidade se opõe ao da simplicidade, mas analisemos bem melhor esta interpretação do pensamento de Edgar Morin, ao afirmar “… parte dos fenômenos, ao mesmo tempo, complementares, concorrentes e antagonistas, respeita as coerências diversas que se unem em dialógicas e polilógicas e, com isso enfrenta a contradição por várias vias. Assim sendo, utiliza o conceito básico de ´sistema auto-organizado complexo” (Morin, 2000, p. 387) que remete a ideia de unidade como uma noção chave.
Esta complexidade necessidade de novas estratégias e modos coerente de dialogar para penetrar nos mistérios, observa Morin: “ (…) a necessidade, na sua coerência e no seu antagonismo as nações de ordem, de desordem e de organização obriga-nos a respeitar a complexidade física, biológica, humana” (Morin 2000, p. 180-181).
Compreendendo a complexidade da cultura que para ele envolve: juvenilização, cerebralização, Culturalização, o que está explicado em um de seus livros básicos O paradigma perdido e a natureza humana, cuja edição portuguesa é de 1973.
Embora hajam outras ideias de complexidade, Morin afirma que a palavra complexidade: “nos empurra para que exploremos tudo e o pensamento complexo é o pensamento que, armado dos princípios de ordem, leis, algoritmos, certezas, ideias claras, patrulha no nevoeiro o incerto, o confuso, o Indizível” (MORIN, 2000, p. 180-181).
A ideia que complexidade não pode conviver com a simplicidade é a incompreensão não só da dialógica, mas da polilógica, que consubstancia e une os dois conceitos: “distinguir e fazer comunicar, em vez de isolar e de disjuntar, a reconhecer os traços singulares, originais, históricos do fenômeno em vez de liga-los pura e simplesmente a determinações ou leis gerais, a conceber a unidade-multiplicidade …” (MORIN, 2000, p. 354).
Esta alternativa de unidade na diversidade, é explicada pelo autor recorrendo a exemplos no campo biológico, que é na prática o exercício da simplicidade, onde a diversidade da natureza compõe a vida.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand, 2000.