RSS
 

Uma páscoa entre o moderno e o pós-moderno

27 mar

Cada Páscoa é nova porque exige do homens a morte de algo que já está prestes a morrer, e uma ressurreição do novo, que já se mostra como pequenos e frágeis arbustos e sementes.

Estamos num momento particular em que no mínimo há O mal-estar na pós-modernidade (Zygmunt Bauman) e isto implica numa passagem nova, nova Páscoa e nova mentalidade para compreende a nova jornada que a humanidade já iniciou, ainda que muitas mudanças e crises se avizinhem, o importante é entender esse calvário e chegar ao novo.

Alguns se recusam ao prefixo pós para a modernidade, porque toda descontinuidade e morte trás um forte sentimento de insegurança e fragilidade.

O filósofo Gianni Vattimo, por exemplo propunha uma releitura de Nietzsche e Heidegger de modo que fossem minimizados os traços mais fortes deste pensamento, querendo resgatar a herança moderna.

Uma leitura atenta de Lyotard que inaugurou o termo em “A condição pós-moderna” não é outra coisa senão a superação de métodos e pressupostos da modernidade, portanto não é senão uma crítica no sentido mais positivo desta palavra.

Os textos de A modernidade – um projeto inacabado e O discurso filosófico da modernidade de Habermas, pretendia denunciar como irresponsável o discurso pós-moderno acaba ao dizer que a modernidade tardia não é senão também uma outra crítica a modernidade, mas seu livro Mudança Estrutural da Esfera Pública aponta as mudanças em curso.

Ambos podem se abrir para uma Páscoa, como fizeram Lévinas e Ricoeur ao abrir-se a alteridade e ao outro, que não abandonam os diagnósticos catastróficos daquilo que chamara de contemporaneidade: não se curvam ao modismo niilista, não ficam cegos as injustiças e violências dos tempos modernos.

Longe de criticar o homem atual como superficial, líquido ou pós-moderno, pode-se ajudá-lo em sua jornada, eis o Outro de Lévinas, Ricoeur e Martin Buber.

 

Tags:

Deixe um comentário

Você deve estar Logado para postar um comentário.