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Conceito, abstração e ontologias

12 jan

Mario Ferreira dos Santos nos explica que para “distinguir os conceitos é necessário uma nota, ou mais que os individualize”, mas esclarece como dissemos no post anterior que “não devemos confundir o conceito com a palavra que o expressa” e também não se deve “confundi-lo com o fato”, pois eles fazem uma abstração do fato.

Explica “no conceito, já despojamos alguns elementos do fato, fazemos uma abstração mental (de abs trahere , do latim, trazer para o lado)”. E complete com um importante raciocínio: “o fato tem existência no tempo e no espaço; o conceito só existe quando pensamos”.

Assim conclui “intuímos o fato; pensamos o conceito”.

Nesta simples introdução podemos observar quantos equívocos, imaginar que uma abstração significa abarcar todos os fatos que abrangem um conceito, na verdade separamos uma parte, o “penso logo existo” quando seria mais coerente “penso o conceito, logo existe o pensamento sobre um fato que intuímos” ou algo assim.

Depois o filósofo vai penetrar nas maneiras como o homem estruturou os conceitos, explicando que será pela nota de distinção, de diferenciação e chega a uma questão filosófica importante “a percepção das diferenças”, as diferenças, depois a memória, e aqui a informação torna-se importante, pois a pintura, a escrita e agora as mídias digitais são recursos auxiliares a memória que nos ajudam ampliando a capacidade de abstração (recorte da realidade das semelhanças e diferenças) conforme dissemos anteriormente.

Por este raciocínio é possível compreender as ontologias que surgiram a partir da “especificação de uma conceptualização”, ou seja realizar um processo formal que vá por mecanismos de abstração dos fatos até os conceitos.

Quanto a noção de semelhante e diferente, Ferrreira dos Santos cita Queyrat e B. Perez que ao estudarem o tema, concluíram que as crianças até os 3 anos, fazem associação das ideias por semelhança e afirma também que a ideia de semelhança é fundamental também para os animais, mas esclarece “o semelhante não é uma categoria do idêntico”.

Mario Ferreira dos Santos na obra “Noologia Geral” esclarece a polarização da intelectualidade em intuição e razão, que é tão cara na história da filosofia.