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O lugar do homem na natureza
A natureza mantém uma relação como um todo com o planeta e este tem íntima interdependência com os seres vivos e que por sua vez são interdependentes entre si, assim todos os ecossistemas da Terra são apenas simplificações dos estudos de Biologia e estão separados da totalidade que é o planeta, esta é uma das teses do livro A natureza da NATUREZA, de Edgar Morin que nós já fizemos algumas postagens aqui.
Porém queremos dialogar com o conceito antropocêntrico que domina muitos estudos e cada vez mais vemos que é uma limitação já que a natureza tem seu próprio curso, e a interferência brutal do homem pode modificar e prejudicar este curso.
Segundo Ways (1970) citado em Chisholm (1974) existe uma tendência na epistemologia ocidental de objetivar a natureza para vê-la “do lado de fora”, e está é a responsável pela forma arrogante e insensível de lidar com o mundo natural, segundo o autor mesma atitude de separação do homem da natureza constitui a base do crescente conhecimento humano da mesma, sendo, portanto, uma interpretação antropocêntrica da evolução do mundo natural.
Por outro lado, é inegável a complexificação da natureza no homem, como uma animal que tem consciência, ou dito de outra forma tem consciência da própria consciência, o que pode levar a outro extremo que é a “interiorização” onde cultura e natureza se confundem, onde o subjetivismo pode ser uma tendência responsável por esta vertente.
Já o paleontólogo Teilhard de Chardin em sua obra “O fenômeno Humano”, observa que não há nenhum traço anatômico ou fisiológica que distingue o homem dos outros animais superiores, por outro lado tem a característica zoológica que o faz um ser à parte no mundo animal, é o único que habita todo o planeta, outra característica que vem de sua forma de consciência é a sua organização enquanto consciência e estrutura de pensamento, que Teilhard de Chardin chama de “noosfera”, uma esfera do pensamento também mundial.
Quanto ao home resta saber, e nem a ciência sabe, se é um mero acidente superficial que aconteceu ou se há nele uma intencionalidade desde que o Universo foi criado, seja Big Bang ou não, reflete Teilhard Chardin: “que a devíamos considerar – prestes a brotar da mínima fissura seja onde for no Cosmos – e, uma vez surgida, incapaz de desperdiçar toda a oportunidade e todos os meios para chegar ao extremo de tudo o que ela pode atingir, exteriormente de Complexidade, e interiormente de Consciência” (CHARDIN, 1997).
CHARDIN, T. O lugar do homem na natureza, trad. Armando Pereira da Silva, Ed. Instituto Piaget, Lisboa: 1997.
CHISHOLM, A. Ecologia: uma estratégia para a sobrevivência. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
Teilhard Chardin e a cosmovisão cristã
Os escritos de Teilhard de Chardin, cujos escritos tiveram feitos uma “advertência” do Vaticano em 1962, tiveram esta marca retirada de seus registros pelo Papa Francisco em 2017, neste ano foi feita uma plenária do Pontifício Conselho para a Cultura onde por unanimidade, a petição enviada pelo Papa Francisco pedindo que ele renunciasse ao “monituum” (advertência) dos escritos do padre Teilhard de Chardin, com isto “O futuro da humanidade: novos desafios à antropologia” foi atualizado.
Os participantes, que incluíam cientista de alto nível, assim como bispos e cardeais da Europa, Ásia, América e África, não só aprovaram mais aplaudiram o texto do Papa.
Além disto foram mencionados textos com “referências explícitas” de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI ao paleontólogo, filósofo e padre Teilhard de Chardin, com isto finalmente a antropologia e a cosmovisão cristã pode ser atualizada e colocada dentro da visão científica atual, que também evolui para uma visão mais ampla de universo e da vida.
Para concluir, eles citaram também que as linhas ao longo da Encíclica Laudato Si do próprio papa Francisco auxiliaram “esse ato não apenas reconheceria o esforço genuíno do piedoso jesuíta para conciliar a visão científica do universo com a escatologia cristã, mas representará também um estímulo formidável para todos os filósofos, teólogos e cientistas dispostos a cooperar com um modelo antropológico cristão” que já está descrito nas linhas gerais da Laudato Si, e “encaixa-se naturalmente na maravilhosa trama do cosmos”.
O padre Teilhard de Chardin foi constrangido por sanções disciplinares do Santo Ofício na década de 20, por suas opiniões manifesta em seus inédito escritos, mas não isto não o impediu de seu trabalho, a partir de onde concebeu a ideia de Ponto Ômega (um nível máximo de complexidade e consciência na direção que o universo evoluído) e agregou ao conceito de Cristo como o Logos, ou “a Palavra” que encarna a visão humana através da linguagem, além de seu conceito central de Noosfera (a esfera do pensamento).
Em tempos que se rediscute as antropologias das sociedades originárias, dos povos colonizados em busca de suas verdadeiras identidades pelo caminho de decolonização, do lado religioso Chardin corresponde ao grito de vozes do cristianismo que pedem uma necessária atualização antropológica, sem perder a unidade e consciência cristã Cristocêntrica.
Entre as obras de Chardin pode-se destacar: O fenômeno humano, O lugar do homem na natureza e O meio divino destacam-se em suas obras.
Muitas vezes em vida revelou o desejo de morrer no dia da Ressurreição (dia da Páscoa), seu desejo foi atendido morreu no dia 10 de abril de 1955, um domingo de Páscoa depois de assistir a missa na Catedral de São Patrício em Nova York, e seus escritos começaram a ganhar grande popularidade.