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Arquivo para fevereiro 4th, 2020

Entre a Vertigem e Dois Papas

04 fev

A democracia brasileira de fato ainda não tem profundidade e maturidade, tudo é polarizado entre dois pontos de vistas exclusivos e ambos autoritários, mas nem é o caso de Democracia em Vertigem com uma clara interpretação dos fatos da jovem diretora Petra Costa, nem Dois Papas sob a direção de Fernando Meirelles, são bons diretores e tem uma visão dos fatos.
Começo por Fernando Meirelles pois foi sua entrevista no Roda Viva que me incentivou a falar sobre as indicações brasileiras ao Oscar, que devia nos orgulhar a todos, ainda que possamos discordar, precisamos aprender este direito democrático, ambos têm fundamentos culturais.
Meirelles explicou sua visão de Francisco, que seria o roteiro original do filme, que aos poucos tornou-se o diálogo e a admissão de erros papais, ambos cometeram erros, como todos nós os cometemos na vida, mas ambos conseguem dialogar e olhar para o futuro da igreja e do homem.
Falta a democracia brasileira isto admitir os erros do passado, mas é claro antes de tudo conhece-lo bem senão isto jamais será possível e neste sentido valorizo e gostei do filme de Pedra Costa.
Aliás sobre ela mesmo é preciso conhecer sua história, Elena seu primeiro filme tem aquilo que a caracteriza e parece ser o fio condutor de seu estilo, coloca o seu “olhar”, o que está claro ao por no documentário ela faz uma dança em rodopios, lembrando a irmã falecida e fecha num close-up do seu olho, quero dizer, ela própria vê que está colocando sua visão nos fatos.
Vendo o debate, e lembrando dos filmes de Meirelles: O Fiel Jardineiro (2005) e Cidade de Deus (2002), vejo que os debatedores conhecem pouco a obra dele e se fixaram nas próprias opiniões polarizadas sobre o filme, destaco ainda o pouco badalado mas excelente filme “Ensaio sobre a cegueira” (2008) que caberia muito bem para o que acontece na cultura brasileira.
Ambos o documentário de Petra e o filme de Meirelles tem emoção, tem boas imagens e fotografia, enfim são bons, mas a maioria ficará com a polarização e não com o diálogo que a arte procura.