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Religião, fanatismo e política

19 set

O belo livro do filósofo Spinoza “Tratado Teológico-Político”, de 1670, tratalaicoreligioso já na sua época, da questão religiosa vendo-a como um pretexto, que os homens usavam, para ocultar suas ambições de poder e de domínio, pois “inclusive os teólogos estão preocupados em saber como extorquir dos Livros Sagrados as suas próprias fantasias e arbitrariedades, corroborando-as com a autoridade divina”, levei anos para entender isto.

Na argumentação de Spinoza, Deus sendo que ele era judeu e depois foi para o cristianismo sem ser aceito em ambos, Deus na verdade, não tinha nada a ver com aquilo, eram os homens que queriam emprestar suas “convicções” a Deus.

 

Todo o mundo é ortodoxo para si mesmo, isto é, se considera o portador da verdadeira fé, o que indispõe qualquer um para com a fé dos outros, disto nasceu na sua época a disputa entre luteranos e católicos, que levou ao tratado de Vestfália, mas ainda sem uma paz e uma tolerância até os dias de hoje.

 

Então, é preciso evitar que uma certeza como essa degenere em guerra civil, mas para o filósofo a verdadeira religião não estava presa ao poder ou a riqueza, nem ao domínio do clero, e outros poderes “laicais”, e nada tinha a ver com os massacres.

 

Locke pode ser considerado o primeiro teórico moderno da separação da Igreja do Estado, para ele devia se demarcar por lei, de maneira definitiva, as funções do mundo sacerdotal e as do mundo político, caso contrário a confusão existente entre o que diz respeito à Igreja e o que se refere à comunidade, até os dias de hoje ainda se mistura a salvação das almas com a segurança da comunidade e do Estado que a representa.

 

Luigino Bruni, um economista com certa dose de religiosidade, em seu artigo “Bem comum e economia: para uma economia baseada no ágape”, esclareceu a diferença entre bem comum, bem comunitário e público, esclarece: “oi substituído pelo de ‘bem publico’ e ‘comunitário’; uma observação mais atenta destes conceitos, porém, revela que o seu sentido é exatamente o oposto das tradições da (economia) clássica e da tradição cristã de ‘bem comum’, dado que, quer o ‘bem público’ quer o ‘comunitário’, são essencialmente individualistas, não existindo consequências para as relações com os outros no decorrer do processo de consumo.” Veja o artigo neste link.

 

Francis Bacon afirmou que a filosofia “rasa” leva ao ateísmo, e a profunda a religião, mas é preciso superar fanatismos e dogmatismos.

 

 

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