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O bem, a comunicação e o Ser

22 set

Abri para ler “A fragilidade da bondade” de Martha Nussbaum, sem conseguirbem caminhar muito, recebi e abri para ler “A ideia do bem em Platão e Aristóteles” de Hans-Georg Gadamer, também não fui muito longe, mas em ambos fico satisfeito em perceber que é uma questão que pertence aos fundamentos de nosso pensamento ocidental, não apenas o judaico-cristão.

 

Volto para nosso tempo, e refaço a leitura de Habermas, e nele encontro uma autocrítica tanto de questões kantianas quanto hegelianas, olhando para Peter Frederick Strawson (1919-2006), Paulo Lorenzen (1915-1994) e Popper e entendo um pouco melhor a questão do bem, com a ideia que a modernidade trouxe “grandiosas unilateralizações”, mas que tinha como pretensão preservar a unidade da razão no domínio cultural, sem passar pelas questões subjetivas.

 

Habermas vai para o ponto prático da vida, e embora as pessoas estejam de acordo no cotidiano com a compreensão do que é justo e o que é bom, há problemas quando queremos explicar o sentido de expressões como: “Fulano é bom” ou mesmo “o livro é pesado”, pois não redutíveis a uma lógica simples racional do tipo “s é p”, uma vez que existem muitos significados na experiência de cada sobre a mesma proposição lógica.

 

Os dilemas morais na óptica habermasiana, surgem primeiramente no mundo da vida, o Lebenswelt que é o primeiro lugar da moral para o filósofo, e será neste mundo que ele verá uma “ação comunicativa”, “às interações nas quais as pessoas envolvidas se põe de acordo para coordenar seus planos de ação, o acordo alcançado em cada caso medindo-se pelo reconhecimento intersubjetivo das pretensões [ de validez” (HABERMAS, 1989, P. 79).

 

Habermas levanta o problema que vai da proposição até a compreensão, problema recorrente no mundo da linguagem, mas agora com um imperativo: “Ou bem a gente diz o que é o caso ou o que não é o caso ou bem a gente diz algo para outrem, de tal modo que ele compreenda o que é dito” (Habermas, 1989, p. 40).

 

Ele apresenta pelo argumento pragmático-linguístico a validez do mundo objetivo das coisas, no mundo normativo das regras que enunciam o que deve ser no mundo subjetivo das vivências, assim recorre as normas morais e salvaguarda a Ética.

 

Minha conclusão é inevitável, faltou-se a compreensão ontológica que não é subjetiva, nem mesmo oculta para ser desvelada, entendo o caminho de Gadamer e de Martha Nussbaum.

 

HABERMAS, J. Pequenos escritos políticos, ed. UNESP, 1989.

 

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